Por Adiberto de Souza *
O crocodilo manda chuva da lagoa insiste em não tomar a poção mágica indicada contra os pox vírus, patógenos que infectam crocodilianos e para o qual não há tratamento específico. A recusa em se proteger e o negacionismo latente do aligátor provocaram a maior crise sanitária no charco, pois a doença é altamente infecciosa e não há poção mágica para todos os repteis da paróquia.
Caminhador como ele só, o teiú já avisou aos demais lagartos que o resto do pântano quer distância da lagoa pestilenta comandada pelo crocodilo. Até as aves de rapina já foram orientadas a não voarem pelas imediações do continente infectado.
Composta por camaleões de várias cores, mas com predominância verde, a armada a serviço do crocodilo já tirou o corpo fora, enquanto as cobras, atraídas pelo biscoito Doriana, se mudaram para o paulista Butantan, onde fornecem veneno para a produção de soro antiofídico.
Formada por sapos, gias e caçotes, a vassalagem quase convenceu o energúmeno a tomar a beberagem milagrosa, porém o dito cujo voltou atrás quase no dia agendado para ele colocar a pata na seringa. Por que teria o casca grossa amarelado?
À toa na vida
Fofoqueiras de marca maior, as rãs andam espalhando na lagoa infectada que a recusa em se imunizar ocorreu depois de o crocodilão ter tido um pesadelo infame. Como não bota muita fé nas calças que veste, ele teria sonhado que a droga o transformou num jacaré da fala fina que, ao ouvir Chico Buarque cantar “A Banda”, vestiu o couro da Cuca do Sítio do Pica Pau Amarelo e deu pra rebolar, ficando à toa na vida e arriado dos quatro pneus por um jacaré-de-óculos. Misericórdia!
* É editor do Portal Destaquenotícias