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Ctlr C, Ctlr V, o abandono das fontes

Por Elton Coelho *

Copiar e colar se tornou um hábito nas redações do jornalismo, nas mídias sociais, na Internet, nos grupos de Whatsapp, Instagram, Facebook e até nos costumeiros “fake news” de forma proposital e mal intencionados. Esse é o mundo moderno em que processos comunicacionais evoluíram bastante com a informatização, as novas tecnologias que nos impulsionam e nos remetem a um novo contexto rápido, ágil e com boas perspectivas para o encontro real de um fato jornalístico, por exemplo, sem ter que esperar por “um passar de horas ou dias” para um furo de reportagem ou o simples divulgar da notícia de última hora.

Tudo é pra hoje, pra agora, num minuto ou em questão de segundos. O simples uso do celular móvel já é uma ferramenta por demais crucial na nossa vida diária, imagine no tão apressado e formidável mundo da comunicação. Ele rompeu as barreiras da máquina de datilografia, das cópias em forma de xerox enviadas às redações, do fax e de tantas outras evoluções de uns 20 anos pra cá.

Também de uns tempos pra cá – falo da era 2001, século XXI – vimos que com a tal falência da datilografia, xerox e fax, vários veículos de comunicação tiveram que se reinventar para não sucumbir às novas tecnologias. Um exemplo disso são os jornais de papel e gráficas que logo deram lugar às publicações online, ainda que no formato antigo e ou inovado. Não houve mais espaço para fechar o jornal à meia noite, rodar na gráfica durante a madrugada e fazer o deleite do entregador e dos leitores que às 5 horas da manhã já urgiam, ávidos, pelas notícias quentíssimas do novo dia. Não! A notícia não espera mais por isso.

Mas esse “apressamento” em fatos seja nos blogs, colunas, mídias e jornais eletrônicos, tem se tornado muitas das vezes um contrassenso, pra não dizer um retrocesso, a esse “novo mundo tecnológico”. Eu, por exemplo, que sentei a bunda na redação do semanário Folha da Praia, do sarcástico e antenado editor Amaral Cavalcanti, e que me fez colunista político do “Senadinho”, não fechava meus escritos sem que antes consultasse as minhas fontes, usasse o velho telefone fixo e preservasse as minhas informações, para então depois noticiar e argumentar comentários políticos.

Hoje é mais fácil chegar às fontes, sem abandoná-las. Do Zap ao áudio, da conversa pessoal a uma ligação, as fontes no jornalismo continuam e são imprescindíveis às notícias reais, verdadeiras e checadas. Porém, o que me dói é ver que a rotina de vários blogueiros, repetidores de notícias, no famoso ato “ctrl c, ctrl v” (control C, control V), está se espalhando atabalhoadamente, com o abandono das fontes.

Outro dia, lendo o jornal online de uma coluna do Jornal da Cidade (Aracaju/Se), vi que algumas notas políticas reproduziam na integralidade fatos escritos por outro não menos conceituado articulista político Adiberto de Souza, que com suas tiradas e sacadas redacionais, promove uma leitura astuta e linkada com as fontes jornalísticas, fazendo ecoar até expressões como “marminino”, “ah, tá!”, e “deusulivre”, num apimentado e inteligente humor. Isso, sem o devido crédito.

Noutra vibe, sem entrar no mérito de recente decisão judicial, o caso de Valmir de Francisquinho na eleição passada foi useiro e vezeiro em reproduzir teses: a do próprio que jurava ser elegível, apesar dos jurídicos dizerem não, e a falta de maiores elementos para esclarecimentos, que tornou frágil as reproduções jornalísticas com fundos investigativos.

O fato é que, de um modo ou de outro, apressar-se em dar um furo, uma notícia e errar copiosamente para depois pedir “meras desculpas” aos leitores, políticos, juízes, empresários ou a quem quer que seja, me parece estar sendo um hábito de abandono ao velho e bom jornalismo das fontes, das análises criteriosas antes de publicações, para que não se caia na vala comum dos erros premeditados, dos acertos combinados e ou da preguiça jornalística mesmo em exercer com fidedignidade o papel a quem é confiado a proeza e maestria de saber, conviver e dar a verdadeira notícia.

* É jornalista, licenciado em História e está diretor de Comunicação da Prefeitura de Aracaju

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