Melocactus sergipensis. Esse é o nome científico da mais nova espécie de cacto do gênero popularmente conhecido como “coroa-de-frade”. A descoberta foi feita por Eronides Soares Bravo Filho, quando fazia mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente na Universidade Federal de Sergipe. Segundo seu descobridor, a espécie corre sérios risco de extinção.
Eronides se deparou com a nova espécie durante a coletas de campo realizadas pelo mestrando visando subsidiar a pesquisa intitulada Diversidade, etnobotânica e propagação de coroa-de-frade no Estado de Sergipe. “Como alguém iria procurar uma espécie de cacto em ambiente úmido? Mas era justamente ali, nas rochas próximas a nascente de um rio, que ela se encontrava”, relata o pesquisador.
Os cactos se apresentam em toda a América, da Argentina ao Canadá, mas o gênero das “coroas-de-frade” é encontrado apenas na América do Sul e Central, incluindo o México. Segundo Eronides, o seu achado é a 23ª espécie encontrada no Brasil, num total de cerca de 40 em todo o continente.
Características
Além da preferência por rochas graníticas localizadas próximas a ambientes úmidos, o Melocactus sergipensis apresenta cefálio de cor branca, frutos na cor rosa intenso e tamanho próximo a 1,5cm. Seus espinhos são levemente curvados para cima e possuem cerca de 2 a 3,5 cm.
Mas a principal característica da espécie é o seu tamanho diminuto, chegando a no máximo 14,5 cm de diâmetro e 9,5 cm de altura. O número de auréolas (as estruturas de onde saem os espinhos) também é reduzido, com menos de cinco aréolas por costela.
Risco de extinção
A nova espécie, única coroa-de-frade endêmica do Estado de Sergipe, já nasce para a ciência ameaçada, devido ao seu número extremamente reduzido. “Ela encontra-se criticamente ameaçada de extinção e necessita de atenção urgente do poder público para garantir a sua conservação e evitar a extinção”, explica Eronides.
Calcula-se que haja menos de cem indivíduos dessa espécie e, segundo os pesquisadores, péssimas condições de conservação do ambiente, com a localidade cercada por plantações. “A área inteira só não havia sido desmatada porque é imprópria para o plantio. Mas, certamente, no passado, este cacto se distribuía por mais áreas da região”, explica o professor Marcos Vinicius Meiado, do Departamento de Biociência da UFS, do campus de Itabaiana.
Registro e descrição
“Ninguém planejava encontrar uma espécie nova no meio do caminho, não fazia parte do trabalho de Eronides, foi uma boa surpresa e, agora, temos uma espécie nova que precisa ser descrita cientificamente e apresentada para a ciência”, explica Marcos Vinicius. A espécie foi tombada no Herbário da Universidade Federal de Sergipe e sua descrição foi publicada na Revista da British Cactus & Succulent Society (Bradleya), num artigo escrito por Eronides, Marcos Meiado, Daniela Zappi, do Royal Botanic Gardens, no Reino Unido, e Nigel Paul Taylor, do Jardim Botânico de Singapura.
Fonte e fotos: UFS