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Desinvestimento da Petrobras em Sergipe continua

Por Gilvan Manoel *

Aos poucos, a Petrobras vai conseguindo se desfazer dos ativos no estado de Sergipe. Na quarta-feira (16), a companhia informou que finalizou a venda de sua participação de 50% no campo terrestre de Dó-Ré-Mi, localizado na Bacia de Sergipe-Alagoas, no estado de Sergipe, para a empresa Centro-Oeste Óleo e Gás Ltda. Após o cumprimento de todas as condições precedentes, a operação foi concluída pelo valor da venda de US$ 37,6 mil, que já havia sido pago à Petrobras na data de assinatura do contrato de compra e venda, em 05/08/2020.

No mesmo dia, análise realizada pelo Boletim Sergipe Econômico, parceria do Núcleo de Informações Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES) e do Departamento de Economia da UFS, com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostrou que a produção de petróleo no estado, em abril deste ano, foi de aproximadamente 28,6 mil metros cúbicos (m³), registrando queda de 32,5% em relação à produção do mês anterior, março último. No comparativo com abril de 2020, assinalou redução de 52,5%.

Ainda este ano, a Petrobras espera concluir a venda da totalidade de suas participações em um conjunto de 11 concessões de campos de produção terrestres, com instalações integradas, localizadas no estado de Sergipe, denominados conjuntamente de Polo Carmópolis. O Polo Carmópolis compreende 11 concessões de produção terrestres, localizadas em diferentes municípios do estado de Sergipe, além de incluir acesso à infraestrutura de processamento, escoamento, armazenamento e transporte de petróleo e gás natural. Também fazem parte do Polo Carmópolis, o Polo Atalaia, que contém, dentre outros ativos, o Terminal Aquaviário de Aracaju (Tecarmo) e o Oleoduto Bonsucesso-Atalaia, que escoa a produção de óleo das concessões até o Tecarmo.

No ano de 2020, a produção média do Polo Carmópolis foi de cerca de 10 mil barris de óleo por dia e de 67 mil m3/dia de gás. A Petrobras é a operadora nesses campos, com 100% de participação.

Em julho do ano passado, a Petrobras já havia anunciado o “descomissionamento” da FPSO Piranema na Bacia de Sergipe-Alagoas. No caso de Piranema, instalada no litoral sul de Sergipe, na altura do município de Estância, a Petrobras simplesmente devolveu a estrutura da plataforma, sem procurar sequer empresas que poderiam se interessar pela exploração, como ocorre no caso do Polo Carmópolis.

Em primeiro de abril de 2020, a Petrobras paralisou a produção nas plataformas de exploração de petróleo e gás natural em águas rasas no estado de Sergipe, desativou a sua sede em Aracaju e fechou o Tecarmo, terminal de processamento montado há mais de 40 anos na Atalaia que recebia todo o petróleo e gás extraído das plataformas, e era responsável pela distribuição de gás de cozinha para municípios de Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

No final do ano passado, na apresentação de seu portfólio de investimentos a acionistas, a Petrobras incluiu a exploração das reservas de petróleo e gás em águas profundas do litoral sergipano como um dos projetos confirmados pela Petrobras em seu Plano Estratégico no período 2021-2025, com montante de investimento estimado em US$ 2 bilhões.

Depois do desmonte completo da Petrobras no estado, fica difícil acreditar na execução do plano, mesmo com a confirmação das reservas de óleo e gás em águas ultraprofundas no litoral sergipano. Um plano de investimento pode ser revisto a qualquer momento, mesmo em companhias desse porte.

A justificativa da Petrobras é de que precisa se concentrar naquilo que sabe fazer de melhor. “Focar todo nosso esforço e energia naquilo que nos colocou como referência no mundo: a exploração e produção de petróleo em águas profundas”, diz a companhia em seu portfólio.

* É editor do Jornal do Dia (Artigo publicado originalmente no Jornal do Dia)

 

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