Novas manchas de óleo voltaram a surgir no litoral nordestino. Dois anos depois do maior vazamento de petróleo registrado no Brasil, o problema foi registrado numa praia de Camaçari, região metropolitana de Salvador, a cerca de 67 quilômetros da capital baiana. Pesquisadores estão analisando se a substância encontrada é a mesma que apareceu em 2019 em praias do Nordeste.
“A suspeita que nos temos é que esse óleo seja vestígio ainda daquele óleo de dois anos atrás e, claro, que em quantidade muito menor, mas que ainda está aderido ao substrato, preso nas pedras”, explica o professor Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Segundo ele, a substância localizadas esta semana tem semelhanças com o óleo encontrado dois anos atrás, como alta densidade, espessura e peso. “Essas características impedem a flutuação na superfície e a imediata detecção”, explicou.
Francisco Kelmo revela que o óleo encontrado agora já estava bastante intemperizado, ou seja, já tinha passado por diversas transformações, misturado com grãos de areia, sedimentos, esqueletos de animais, conchas etc. “Por isso, quando removemos, tinha características de uma placa de asfalto”. A densidade fez com que a substância afundasse até 1,2 metro na água, o que dificultou sua visualização.
O desastre ecológico de 2019
As primeiras manchas de óleo apareceram nas praias do Nordeste no dia 30 de agosto de 2019, em poucos dias uma faixa de cerca de 3 mil quilômetros do litoral já estava tomada por 5 mil toneladas de óleo. A tragédia ficou marcada como um dos maiores crimes ambientais da história do país. Dois anos depois, não foram identificados os responsáveis pelo desastre e as consequências ainda são graves nas comunidades que tiram seu sustento das águas.
“Importante afirmar que com a chegada criminosa desse petróleo, nas praias, nos manguezais, teve um impacto profundo em toda a cadeia da pesca artesanal, em toda a economia pesqueira”, explica Francisco do Nascimento, integrante do Conselho Pastoral de Pescadores de Pernambuco. Segundo ele, apesar dos esforços de voluntários para superar o impacto agudo, não foi possível a retirada de todo o óleo. Ele ainda está escondido dentro dos estuários, impregnados em raízes e troncos de árvores de mangues, nos costões, que é quase impossível ser retirado, enterrados na areia e escondido entre os corais.
Com informações dos portais G1, Brasil de Fato e Folha de S. Paulo