É moda! O Baixo Barão é moda!

* Por Amaral Cavalcante

Todos ao Baixo Barão! De repente a Avenida Barão de Maruim se encheu de mesas nas calçadas. O fuzuê era tanto que a autoridade do trânsito teve que interferir, disciplinando o caos que se instalava na Avenida, depois das seis. Cada carro mais esfuziante, cada motorista mais mal educado, todos senhores do pedaço. Senhores com seus direitos ancestrais de uso e abuso da via publica. Uma merda.

Oxente, de onde surgiram, tão de repente, tantos bares? Não sobrou garagem sem cadeirinhas de ferro da Antártica, quem não tinha espaço botou um tabuleiro de vender pastéis na calçada mesmo, os vendedores de amendoim& castanha montaram uma central de reabastecimento nas cercanias, e até aquelas meninas tristes que oferecem uma esquálida rosa vermelha para o provável galanteio do freguês, mudaram-se para lá. Virou moda!

Mas era mentira, a boemia tradicional da cidade torceu o nariz para aquela invenção dos riquinhos sergipanos, uma moçada cheirosa e careta que decidiu criar, na via mais elitista de Aracaju, uma moganga provinciana do mais avançadinho point carioca, o Baixo Gávea, famoso nacionalmente pelos seus estrelados frequentadores.

Eu até que fui lá umas duas ou três vezes, mas não me achei bonito entre tanta alegria falsa, em meio a tantas heranças dilapidadas, pulseiras de um conto e tanto, gente sem sovaqueira com sorriso de marfim, bundinhas aprumadas por elásticas meias-calças, meninos incendiados com insuportáveis desodorantes, tudo gente fina e desinteressante.

Ainda bem que durou pouco. Homiziados no Gosto Gostoso, bar da resistência político-cultural, contávamos os dias, torcendo para que aquela moda se consumisse, e sucumbisse esquecida na memória da verdadeira boemia sergipana.

Foi o que aconteceu.

* Amaral Cavalcante é jornalista, poeta e cronista de mão cheia.