Por Raquel Almeida *
Um dos assuntos que mais permeou os veículos de comunicação e as redes sociais na última semana foi a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk. Enquanto alguns comemoram a aquisição na espera que ele protegerá o direito de liberdade de expressão, outros receiam que o novo proprietário controle os debates político e social.
Conhecida como uma plataforma de enorme alcance em debates políticos e comportamentais, o Twitter conta com cerca de 330 milhões de usuários que podem expressar sua opinião, mas, de acordo com o magnata e também outros estudiosos das novas Mídias Digitais, com o crescimento da rede social também foram crescendo as regras de controle que têm afetado a liberdade de manifestação dos usuários.
E estas observações não se restringem apenas ao Twitter, mas aos algoritmos de outras plataformas como Instagram, Facebook, dentre outras.
Como Elon Musk apoiava a ideia de que o Twitter somente limitava a liberdade de expressão de usuários não alinhados às políticas liberais da empresa, a preocupação dos usuários é de que esses venham a ser cerceados e que este ambiente neutro que o empresário propaga não venha a existir com as mudanças.
Diante destas críticas, Elon Musk disse na última quarta-feira, 27, que o Twitter precisa chatear tanto a extrema direita quanto a extrema esquerda para conquistar a confiança do público. E acrescentou que pretende alterar as regras de moderação de conteúdo na plataforma, mas estas ainda não foram divulgadas oficialmente.
A compra da empresa por Musk foi comemorada por vozes da extrema direita nos Estados Unidos e por bolsonaristas no Brasil, que também celebraram a promessa por mais liberdade de expressão na plataforma,
Enquanto os progressistas temem que um Twitter com menos regras possa semear discursos de ódio e acreditam que ter o homem mais rico do planeta no comando de uma rede social tão importante represente uma ameaça ao processo democrático.
O que o bilionário vem divulgando como seu desejo para a o Twitter é o sonho de qualquer sociedade democrática. Musk diz que pretende ter uma rede social com algoritmo mais transparente, com menos moderação para opiniões divergentes e maior liberdade de expressão. Supostamente, ele quer a liberdade para o usuário escolher por quem ele é impactado, desde o login até o feed. Ele defende também o debate de ideias, sem o ataque e bloqueio às pessoas.
Narrativa
Mas a briga verdadeira é sobre quem está no controle da narrativa na rede social. Aqueles que defendem a compra do Twitter dizem que enquanto os progressistas e os politicamente corretos (wokes) dominam o discurso nas redes sociais e pressionam as empresas a adotarem o mesmo discurso, a contracultura virou liberal e direitinha. Será?
Pois é de informação pública que Elon Musk sempre bateu na mentalidade woke dizendo que eles se organizam para atacar em massa outros pontos de vista.
Embora diga que faz a compra para o bem da sociedade e não com objetivos de lucro imediato, um dos desafios do empresário será tornar o Twitter mais rentável e concorrente de fato no mercado de redes sociais. A plataforma tem dificuldade de monetização e ele estuda um modelo de cobrança de assinaturas, mas também pensa na expansão dos negócios com bitcoins.
O que podemos esperar é que sem perfis falsos ou robôs no Twitter seja mais simples para a lei alcançar quem ultrapassou os limites da liberdade de expressão, que estão muito bem definidos no nosso Código Penal.
* É jornalista, assessora de comunicação, social media e editora experiente. Mais de 20 anos trabalhando na área de Comunicação, dentre eles 14 anos como editora do Portal Infonet. Especializada em Comunicação Digital, Web Jornalismo, Novas Mídias e EAD.