Por Adiberto de Souza *
Embora tenha ocorrido há 54 anos, a inauguração do Estádio Batistão, em Aracaju, ainda é lembrada como um dos maiores acontecimentos esportivos de Sergipe. Naquela noite de 9 de julho de 1969, quase 53 mil pessoas se apinharam nas cadeiras, arquibancadas e geral para assistir a Seleção Brasileira de Pelé, Clodoaldo, Rivelino, Jairzinho e Companhia golear o combinado sergipano por 8 a 2. No ano seguinte, as chamadas feras de Saldanha foram campeãs do mundo, no México. Pois bem, o que pouco se sabe é sobre outro grande jogo, realizado três anos antes, no acanhado Estádio de Aracaju, substituído justamente pelo Batistão.
Somente os mais idosos ainda lembram do impagável jogo entre Clube Sportivo Sergipe e Bangu Atlético Clube. A Equipe do Rio tinha saído em excursão pelo Brasil após conquistar o campeonato carioca de 1966, derrotando na final o Flamengo por três a zero, em pleno Maracanã. Segundo o professor Vilder Santos, a partida amistosa entre os dois campeões estaduais aconteceu numa noite de fevereiro daquele ano e, para surpresa de quem foi ao campo, a equipe sergipana venceu por dois a zero, gols de Joel e Fernando, marcados ainda no primeiro tempo. Nem precisa dizer que mais assombrados do que os torcedores do Sergipe com o inusitado resultado, estavam os cronistas cariocas e a delegação do Bangu.
Surpresa maior vem agora: minutos antes do intervalo da partida, o zagueiro do Sergipe, Mário Portela, passou mal e foi socorrido na beira do gramado pelo médico do Bangu. Depois de examiná-lo superficialmente, o clínico perguntou ao enfermo, que se estrebuchava no chão: “O que vocês jantaram antes do jogo”. Retorcendo-se em dores, o zagueirão balbuciou: “Cuscuz com feijão, doutor!”. Em pé, ao lado dos dois, o ponta-direita do Bangu, Paulo Borges, não se conteve: “Não é possível a gente perder para um time que come cuscuz com feijão antes do jogo! ”. A diretoria do campeão carioca ficou tão injuriada com a derrota para o Sergipe que suspendeu a até então vitoriosa excursão pelo país, determinando o imediato retorno da equipe ao Rio de Janeiro. Misericórdia!
* É editor do Portal Destaquenotícias