O Centro Universitário Estácio de Sergipe está realizando uma campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis em favor da Comunidade da Maloca, localizada em Aracaju e o primeiro quilombo urbano de Sergipe e segundo do Brasil, mais novo apenas do que o Quilombo Silva, em Porto Alegre. A campanha prossegue até sexta-feira (30) e as doações podem ser entregues, das 10h às 18h, na sede da Estácio, à rua Teixeira de Freitas, número 10, bairro Salgado Filho, em Aracaju. Os coordenadores pedem que as pessoas façam doação principalmente de leite, feijão, macarrão, farinha de milho, café, biscoitos, etc.
Segundo o professor Adriano Douglas, reitor do Centro Universitário Estácio de Sergipe, a campanha já conseguiu arrecadar mais de 300 quilos de alimentos, “que vão ajudar a sobrevivência das cerca de 60 famílias da Comunidade da Maloca nesta grave crise provocada pela pandemia da covid-19”. O professor acredita ser possível, até o final da arrecadação, mais do que dobrar o volume de mantimentos. “Nossos estudantes e a comunidade se sensibilizaram e estão participando ativamente, garantindo o sucesso desta campanha humanitária”, frisa o reitor.
A Comunidade da Maloca
Representada legalmente pela Organização Não Governamental “Criliber – Criança e Liberdade”, a Comunidade da Maloca fica localizada no Largo Pedro Alves Braz (área que circunscreve o antigo Morro do Cruzeiro), bairro Getúlio Vargas. Segundo a pesquisadora Tavares e Nascimento, na década de 1930, muitos negros migraram de engenhos localizados no Vale do Cotinguiba, interior de Sergipe, para Aracaju. A maioria era composta por filhos de ex-escravos ou escravos alforriados em busca de melhores condições de vida na capital do Estado.
A escolha dos negros pelo Morro do Cruzeiro foi devido a disponibilidade do local, que era despovoado e muito alto, dificultando o acesso de pessoas desconhecidas e dando mais segurança aos moradores. Havia quatro acessos para o Morro, que caracterizavam uma cruz: por conta disso, o nome Cruzeiro. Em janeiro de 2007, a Maloca foi reconhecida oficialmente como quilombo urbano e, em abril, o Incra realizou o cadastramento de 69 famílias da comunidade. A certidão, primeiro passo para que a comunidade quilombola consiga a garantia de suas terras tradicionais, foi entregue no final de maio daquele mesmo ano.