Por Adiberto de Souza
A novidade desse início de campanha em Aracaju foi o registro, de última hora, da candidatura a prefeito do jovem Felipe Vilanova (PCO), um estreante em disputa eleitoral. Com 29 anos e solteiro, o oitavo postulante à Prefeitura é professor na rede particular de ensino e tem como candidato a vice o jovem Arthur Lopes, graduado em Redes de Computadores e também filiado ao Partido da Causa Operária. Entre uma aula e outra, Felipe Vilanova reservou um tempo para conversar com o site DESTAQUENOTÍCIAS e, por assim dizer, se apresentar para os 416.605 eleitores de Aracaju.
Veja, a seguir, a entrevista exclusiva com Felipe Vilanova:
DESTAQUENOTÍCIAS – Por que o senhor decidiu disputar a Prefeitura de Aracaju?
FELIPE VILANOVA – Nosso objetivo principal não é vencer a disputa eleitoral. Acreditamos que as eleições são um meio, mas não um fim para alcançar nossas reivindicações. Participamos para divulgar o programa e as reivindicações do PCO, dando maior visibilidade à nossa organização e convocando todos a se mobilizarem. É a mobilização, o movimento de massas, o que de fato pode mudar a atual situação política.
DN – Por que o Partido da Causa Operária demorou tanto para anunciar uma candidatura própria em Aracaju?
FV – Não houve demora, foi apenas uma questão burocrática que acabou fazendo com que a candidatura fosse anunciada perto do prazo final. Os processos burocráticos que os tribunais eleitorais exigem são muito demandantes para um partido menor como o nosso, que não conta nem mesmo com fundo partidário.
DN – Por que o PCO preferiu uma chapa puro sangue a fazer coligação com outros partidos?
FV – Porque nós usamos a candidatura para divulgar o nosso programa partidário, e não o programa de alguma coligação. Muitas vezes, os partidos acabam sendo usados exclusivamente como plataforma eleitoreira, fazendo coligações com outros partidos que estão ideologicamente em campos opostos, política esta com a qual nós não nos alinhamos.
DN – Quais as suas principais propostas para Aracaju?
FV – Antes de tudo, é importante ressaltar que o cerne das nossas propostas consiste em “fazer o povo governar”, ou seja, fomentar uma estrutura de organização que dá o controle decisório à população. A propriedade dos serviços essenciais deve ser pública e administrada pelo povo. De acordo com dados do Tesouro Nacional Transparente, a dívida pública atual do município de Aracaju é de cerca de 4 bilhões e 900 milhões de reais. Parte dessa dívida é referente a investimentos em obras, mas parte dela é apenas para pagar juros aos bancos. É preciso não pagar a parte dos juros, além de pressionar o governo federal a não pagar a dívida pública federal, a fim de ter mais dinheiro do orçamento disponível para transferir aos municípios.
DN – Sim, mas diante desse seu posicionamento político, quais as principais propostas para a capital sergipana?
FV – Encabeçaríamos entre as nossas principais propostas aumentar o salário dos professores, estatizar todo o sistema de transporte metropolitano, tornando-o totalmente gratuito, fazer concursos para todos os equipamentos de saúde e acabar com o modelo que prioriza contratos temporários e terceirizados, acabar com a guarda municipal, investir em opções de lazer nos bairros periféricos, regularizar todas as ocupações populares, permitir a ocupação de prédios públicos desativados, além de confiscar os imóveis de bilionários que estão parados servindo apenas para especulação.
DN – Qual a sua avaliação da administração do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira?
FV – É mais uma administração de acordos com as tradicionais oligarquias sergipanas, que não busca resolver os reais problemas da população.
DN – O PCO também tem candidatos à Câmara Municipal de Aracaju?
FV – Não.
DN – Além de Aracaju, o PCO vai disputar as eleições em outros municípios sergipanos?
FV – Não, focamos o nosso esforço na capital sergipana.
DN – Quais serão as suas principais atividades políticas durante a campanha eleitoral?
FV – Vamos divulgar o nosso programa o máximo possível, conscientizando a população de que apenas a mobilização popular que pode realmente mudar o cenário político.
DN – O PCO tem tempo no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV?
FV – Não, infelizmente o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV em virtude da lei eleitoral acaba privilegiando apenas os partidos que têm representação parlamentar. Como no Brasil normalmente só é eleito quem tem campanhas milionárias, nós ficamos prejudicados.
DN – Outros candidatos a prefeitos prometem gastar pequena fortunas nesta campanha? Até que ponto a força do dinheiro pode atrapalhar a sua campanha?
FV – Atrapalha totalmente. Os dados dos tribunais eleitorais demonstram consistentemente que apenas é eleito quem tem milhões de reais injetados exclusivamente em sua campanha. Nisso, os partidos pequenos e os candidatos que não são milionários são prejudicados. Além disso, quem paga a banda escolhe a música, então como quem é eleito é quem é financiado, os interesses que são pautados e levados adiantes são os interesses dos ricos, e não dos pobres.
DN – Qual o seu slogan de campanha?
FV – Revolução, governo operário, comunismo.