Zoo de Aracaju abre no Dia das Crianças
10 de outubro de 2021
Câncer mata o empresário Luiz Eduardo Magalhães
10 de outubro de 2021
Exibir tudo

Expedição veio a Sergipe estudar as preguiças de coleira

Pouco conhecida, a preguiça de coleira só existe no Brasil

Uma expedição inédita para estudar as preguiças de coleira (Bradypus torquatus) está em Sergipe desde o último dia 30. Formado por sete pessoas, o grupo estuda a espécie, pouco conhecida e endêmica ao Brasil, ou seja, só existe em solo brasileiro, mais especificamente na Mata Atlântica costeira do Sudeste e Nordeste, no trecho entre Sergipe e o Rio de Janeiro. Pesquisadores estão coletando dados genéticos de uma população que vive em território sergipano, ponto mais ao norte de ocorrência da preguiça, e que nunca foi estudada.

Os dados coletados serão comparados com as informações já conhecidas das espécies que vivem na região da Praia do Forte, em Mata de São João, na Bahia. Com isso, os estudiosos pretendem resolver um mistério: essa espécie do extremo norte é a mesma da encontrada na parte mais ao sul? Os pesquisadores desconfiam que o Rio Paraguaçu, curso de água que banha o estado da Bahia, esteja separando essas populações, causando uma incerteza taxonômica.

Espécie sem registro

Equipe coleta material para comparar os dados das duas populações de preguiças (clique na foto para ampliar)

“Não sabemos se elas chegam a pertencer à mesma espécie, se há diferença taxonômica ou fisiológica. Não temos nenhum registro dos indivíduos dessa localidade”, afirma Flávia Miranda, professora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e coordenadora do Instituto Tamanduá.

A preguiça de coleira é uma espécie ameaçada de extinção, classificada então como “Vulnerável” pela lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e pela lista nacional, feita pelo ICMBio. Por habitar uma área severamente fragmentada, sofre um declínio de ocupação e qualidade de habitat.

Assim como os tamanduás e tatus, ela pertence a uma ordem muito antiga, com mais de 65 milhões de anos e são animais exclusivos da América Latina, além de possuírem enorme importância evolutiva. Para a coordenadora, isso justifica todo o esforço de conservação e, para isso, falta estudo e divulgação da espécie.

Instalação de rádio

Pesquisadora leva uma preguiça para coletar material (clique na foto para ampliar)

Atrás de novas informações que possam embasar iniciativas para a preservação da preguiça de coleira, além de estudar a própria espécie, o Projeto Preguiça de Coleira vem há mais de dois anos mapeando espécimes por toda a região da Reserva Sapiranga. Na Praia do Forte, localizada na Reserva, os estudos consistem em levantamentos de densidade populacional: é feita a captura dos animais para coleta de amostra biológica, que será usada para inspeção de saúde. Nela, são feitos diversos exames e análise genética, além da instalação de um rádio para o monitoramento da área de vida, uso de espaço e dieta.

Agora, com a nova expedição, está sendo possível estudar a espécie em outra região e aumentar o campo de análise. A jornada começou na região de Mata de São João, onde ficaram, do dia 30 de setembro a 2 de outubro, catalogando os animais existentes na região da Reserva Sapiranga. Em seguida, os expedicionários seguiu para a região do Conde, na divisa da Bahia com Sergipe.

Com uma equipe formada por sete pessoas, o projeto é comandado pelo Instituto Tamanduá em parceria com a Concessionária Litoral Norte (CLN), uma empresa do Grupo Invepar. Entre os expedicionários estão funcionários de ambas as organizações, além de especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e por Adriano Gambarini, fotógrafo da National Geographic e colunista de ((o))eco, que documenta a viagem.

Fonte: site O Eco (Fotos: Adriano Gambarini)

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *