Os fardos de borracha que estão aparecendo nas praias de Sergipe são de um navio alemão que naufragou no litoral do Nordeste em 1944. A descoberta foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Segundo a Administação Estadual do Meio Ambiente (Adema), nas últimas duas semanas já foram recolhidos mais de 100 fardos do material emborrachado e ainda tem uns 70 para recolher no litoral norte entre Pirambu e Pacatuba.
Os pesquisadores ainda não sabem em que os fardos de borracha eram utilizados. Em um deles havia uma placa metálica com inscrições em alemão, que foi a principal pista para a descoberta da origem das caixas. O professor do Instituto Labomar, Luís Ernesto Bezerra, começou a investigar a origem das caixas misteriosas após encontrar uma delas em Itarema, no interior do Ceará. “[Ela] tinha uma inscrição pertencente à Indonésia Francesa, que ficou independente em 1953, ou seja, é muito antiga. Então começamos a pesquisas e encontramos confirmações desse naufrágio”, conta.
O naufrágio
O navio naufragou entre 1º e 4 de janeiro de 1944, mas só foi descoberto mais de 50 anos depois, em 1996, a cerca de mil quilômetros do litoral. Carlos Teixeira começou então um trabalho de simulação para confirmar que as caixas poderiam chegar até a costa nordestina e obteve a confirmação nesta quarta-feira (9): “Temos 99% de certeza dessa origem”.
O professor Luís Ernesto Bezerra explica por que os fardos de borracha começaram a aparecer recentemente. “Navios naufragados começam a sofrer corrosão, então, décadas depois, começam a vazar as suas cargas. E por ter acontecido no Oceano Atlântico perto do Nordeste, elas [as caixas] chegaram até aqui”, diz.