Mangaba, amendoim, tapioca, coco, mariscos. São diversas as matérias-primas que formam a base da gastronomia sergipana, com técnicas, tradições e trabalhos que resistem ao tempo, às gerações e vislumbram destaque não só dentro, mas fora do estado também. As guloseimas podem ser encontradas pelos sergipanos e turistas nas feiras livres e mercados de Aracaju, além de pontos de vendas de artesanato e comidas típicas de Sergipe.
Estes e outros elementos culinários têm criado, ao longo de décadas, identidade, memória, afetividade e reconhecimento do que significa a gastronomia sergipana, sobretudo para os próprios sergipanos, além de atrair turistas pelo aconchego que o alimento preparado com história, dedicação e amor traz a quem conhece e experimenta.
A doceira Maria Josilene de Oliveira, do município de Brejo Grande, já produz doces típicos há 22 anos na região do Baixo São Francisco e é conhecida na região por atuar no comércio junto aos turistas que visitam a foz do Rio São Francisco. Sempre buscando inovar, ela costuma acrescentar novos elementos às já tradicionais cocadas, bolos e doces em compota.
“Antes eu fazia apenas os doces básicos, mas com o tempo vamos estudando e colocando novos ingredientes, como o amendoim, maracujá, mandioca, aproveitando, claro, tudo o que o solo do nosso estado nos dá”, ressalta.
Do agreste sergipano, o produtor de mel Daniel Henrique Cardoso busca sair da obviedade do uso do mel e almeja emplacar o alimento na gastronomia nacional e internacional.
“O pessoal só costuma procurar o mel como remédio, mas ele, além de ser um complemento alimentar que pode ser utilizado diariamente, de forma saudável, cada vez mais tem sido usado na culinária, em restaurantes e não só sem sobremesas, mas em pratos diversos. Envio o meu produto para locais no Brasil onde não existe uma forte produção e até para fora do país, como Portugal”, complementa.
História e resistência
Maior produtor de mangaba do Brasil – fruta símbolo do estado –, Sergipe acolhe há mais de uma década o projeto Rede Solidária de Mulheres, que reúne associações de catadoras de mangaba de municípios sergipanos, fortalecendo a manutenção da produção do fruto não só no estado, mas a ampliação da sua divulgação e consumo em âmbito nacional.
A catadora de mangaba Dilva de Souza Santos, de Estância, no sul de Sergipe, produz biscoitos, geleias, brigadeiro, tartaletes, pães de mel e compotas não só da mangaba, mas também de caju e jaca, duas outras frutas predominantes no estado de Sergipe.
“É um trabalho que vai além dos doces em si, essa parte é um complemento. Nossa função é preservar a cultura da mangaba, a existência dela como elemento cultural, gastronômico e como meio de sobrevivência de mulheres sergipanas, além de colocar em primeiro lugar, sempre, a questão ambiental”, explica.
Outro elemento cultural do estado que resiste, podendo ser encontrado em feiras, mercados, mas, sobretudo, nas ruas dos bairros mais populares, é o beiju molhado, que vem sempre acompanhado pelo pé de moleque, saroio, entre outros. A Casa de Farinha, em Itabaiana, no agreste do estado, é tradicional na produção e venda destes produtos, que já fazem parte da cultura sergipana.
“Nós produzimos para toda a região agreste e para a capital. Antes, eram produtos que apenas as pessoas de Sergipe gostavam, tinham costume de comprar, mas a cada dia notamos mais os turistas também se interessando por essas comidas”, acrescenta a produtora Elaine do Nascimento.
Fonte e fotos: Secom/GS