Por Marcos Cardoso*
O Jornal do Dia completa 20 anos de vida e essa é uma boa notícia. Não é nada fácil para um veículo de comunicação que migrou do papel para o mundo virtual insistir teimosamente em manter fidelidade a princípios editoriais tão caros hoje em dia quanto a busca pela verdade, a verificação rigorosa dos fatos, a imparcialidade na apresentação das notícias e o respeito pela ética profissional.
Dois profissionais do jornal se destacam nessa frente da resistência que não se dobra a certas facilidades e insiste em informar de maneira precisa, justa e ética: Gilvan Manoel e Rian Santos. Sem nenhum demérito dos demais profissionais, esses merecem ser destacados pela qualidade do que produzem e pela teimosia.
Gilvan Manoel se apresenta humildemente como colunista, o que não é pouco, mas é o timoneiro, o diretor de Redação e também editorialista do Jornal do Dia. Mansamente, é um analista que há muitos anos se destaca por suas contribuições sobre a política sergipana. Sem medir palavras, com passagens relevantes pela Gazeta de Sergipe, Jornal de Sergipe e Jornal da Cidade, antes de associar-se ao jornalista Elenilton Pereira na empreitada corajosa de fundar o Jornal do Dia em 2005, seus textos costumam abordar questões relevantes do cenário político do estado, oferecendo uma análise crítica e reflexiva sobre os acontecimentos e as dinâmicas que moldam a política local.
Autor de uma escrita elegante e profundamente crítica, quase sempre mordaz, Gilvan explora temas como a atuação dos políticos, as eleições, as políticas públicas e a participação da sociedade civil. Através de sua coluna, busca informar e engajar os leitores, promovendo um debate saudável sobre a realidade política de Sergipe. Doa a quem doer.
Rian Santos, colunista do Jornal do Dia, é um articulista de primeira, reconhecido por suas análises e opiniões sobre diversos temas. Sem descuidar do mundinho político local, ele se destaca como profundo conhecedor do ambiente cultural e por sua capacidade de abordar questões relevantes de forma clara e envolvente, contribuindo para o debate público. Conhece a arte da política e conhece como ninguém a arte que se pratica nas ruas, da periferia à coxia do Teatro Tobias Barreto.
Fazer bom jornalismo envolve uma série de princípios fundamentais que garantem a qualidade e a integridade da informação. Um bom jornalista deve ser transparente sobre suas fontes, evitar conflitos de interesse e dar voz a diferentes perspectivas, promovendo o debate e informando. Deve ter anotado em letras grandes na sua mesa que jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados, como bem ensinou Millôr Fernandes.
Credibilidade das Mídias
A recente pesquisa Credibilidade das Mídias, realizada pela agência de inteligência de dados Ponto Map, em parceria com a V-Tracker, apontou que os brasileiros ainda consideram os veículos tradicionais de imprensa como os mais confiáveis, quanto à credibilidade das informações. Mesmo as redes sociais sendo o principal canal de acesso à informação, a população brasileira acredita que a credibilidade vale mais do que o alcance.
A pesquisa concluiu que a forma como as informações são disseminadas impacta a percepção de credibilidade. A maioria dos entrevistados prefere se informar por meio de rádios, TVs, jornais impressos e portais de notícias online. Ainda conforme a pesquisa, a confiança no jornalismo profissional é fundamental para a formação de uma opinião pública informada.
Acreditando nesse potencial, e aparentemente remando contra a maré, os idealistas Elenilton Pereira e Gilvan Manoel fundaram um jornal que, já no seu nascimento, em pleno governo João Alves Filho, se transformou numa voz divergente. Ousou não apenas denunciar irregularidades na gestão estadual, como também abriu espaços para vozes da oposição, os sindicatos e a gestão do prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, do PT.
No ano seguinte, se transformou no veículo que mudou as regras na campanha para o governo estadual e se transformou no jornal mais utilizado pelos candidatos da oposição nos programas eleitorais. Em 2007, quando Déda foi empossado governador, denunciou manobras do Tribunal de Contas do Estado para engessar a administração e deu ampla cobertura a escândalos de repercussão, como a Operação Navalha.
Mas o mais importante, o Jornal do Dia é um veículo democrático, que respeita opiniões e mantém um diversificado número de colaboradores. Antenado com esse tempo de mudanças tão radicais na comunicação, vem seguindo a máxima de que o papel do jornalismo é desconfiar sempre do poder público, ao mesmo tempo que reverbera o pensamento da coletividade, informando com a necessária rapidez, analisando a notícia com a máxima isenção e prestando serviço à sociedade.
*É jornalista. marcoscardosojornalista@gmail.com