O Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), unidade plantonista da Polícia Civil, registrou mais de 1,4 mil boletins de ocorrência durante todo o ano passado. Com essas ocorrências, o DAGV contabilizou 563 prisões em flagrante e cinco autos de apreensão em flagrante pela prática de atos infracionais em decorrência de gênero, orientação sexual, crença e cor da pele e também de pessoas idosas.
Segundo o levantamento feito pela unidade, apenas em 2019, durante o plantão 24 horas do DAGV, foram registrados 1.467 boletins de ocorrência, que resultaram em 893 relatórios de ocorrências policiais (ROP), e 40 termos circunstanciados de ocorrência (TCO). Com isso, o DAGV se mostra um importante aliado no combate à violência contra pessoas dos mais diversos grupos da população brasileira.
Procurar ajuda
A delegada Marília Miranda destacou que as mulheres devem ficar atenta a todos os sinais, pois a mais simples mudança no comportamento pode levar a uma agressão física ou verbal. “A mulher deve ficar atenta a sinais do tipo controle de visita, a familiares, a amigos, controle da roupa que ela vai usar. Tudo isso são sinais de sensação de posse do homem em relação à mulher, daí pode evoluir para injúrias, ofensas verbais, agressões físicas e, quiçá um feminicídio. A mulher deve estar atenta e procurar ajuda assim que conseguir identificá-los”, frisou.
A criação da Lei Maria da Penha foi uma importante aliada na proteção da mulher. “Com a divulgação da Lei Maria da Penha e esse empoderamento que as mulheres vêm conseguindo, é muito comum percebermos o aumento da procura delas aqui. Com o plantão é muito perceptível o aumento dos índices de procura, os procedimento cada vez mais vêm aumentando; o que não significa que a violência vem aumentando, mas sim que elas têm o encorajamento de procurar ajuda”, citou.
Polícia oferece abrigo
É importante que a mulher que se sinta vítima de agressão procure ajuda o mais rápido possível. “O ideal é que ela procure a delegacia. Aqui podemos oferecer um abrigo, caso ela esteja correndo risco de vida. Hoje já tem o abrigo municipal e o estadual. Encaminhamos para o exame pericial se houver lesão. Então há uma série de procedimentos. Se for um caso mais simples, a gente pode encaminhar para um núcleo de mediação, muitas vezes conseguimos resolver uma questão mais simples de ofensas verbais e de ameaça com o núcleo de mediação”, complementou a delegada.
O plantão teve início em outubro de 2018. Desde então, a demanda aumentou muito, pois é um atendimento especializado, mais humanizado. Todos que trabalham no plantão passaram por um curso de qualificação para um melhor atendimento de grupos vulneráveis. Portanto, já era esperado que o número aumentasse com esse atendimento diferenciado.
O correto é denunciar
A delegada Mariana Diniz reiterou os procedimentos que devem ser adotados pelas pessoas vítimas de violência. “O procedimento é denunciar seja comparecendo aqui pessoalmente, ou então se o crime está acontecendo acionando a Polícia Militar. O boletim de ocorrência, denúncia anônima. A gente pede que se o vizinho tem conhecimento, tem receio de intervir, que pelo menos denuncie com os dados mais precisos: endereço correto e o que souber de informações que coloque para facilitar também a investigação”, ressaltou.
Mesmo o DAGV atendendo a todos os grupos de vulneráveis, a maior incidência de violência contra essas pessoas ainda é registrada contra a mulher. “A maior parte desses crimes tem como vítima a mulher. Então a demanda é muito grande relacionada à mulher, depois crianças e adolescente, contra idosos e público LGBT também. O plantão foi implantado a partir de um homicídio ocorrido com uma transexual, infelizmente”, concluiu a delegada Mariana Diniz.
Fonte e foto: SSP/SE