Por Adiberto de Souza *
Filho de Nicola Mandarino, rico comerciante e industrial italiano radicado em Aracaju, Humberto Mandarino teve grande participação na luta pelos direitos humanos durante a ditadura de 1964. O professor e historiador Ibarê Dantas escreve em seu livro “Tutela Militar em Sergipe 1964/1984” que nos momentos mais difíceis do período golpista, foram os dirigentes do MDB, entre os quais Humberto Mandarino, que mais intervieram, batalhando pela libertação dos presos políticos.
Um dos locais mais frequentados pelos intelectuais, políticos e boêmios de Aracaju, a exemplo de Humberto Mandarino, era o Cacique Chá. Fundado em 1950 pelo empresário e fotógrafo Artur Costa, aquele restaurante, localizado na Praça Olímpio Campos, era um lugar de extremo glamour. Vale ressaltar os concorridos bailes alí realizados e as apresentações de grandes artistas nacionais como Gregório Barros, o “Rei do Bolero”, o pianista Roberto Inglês, Terezinha Morango (Miss Brasil 1957), Nelson Gonçalves, Ivon Cury, Ângela Maria e Maiza Matarazzo.
Voltemos a Humberto Mandarino, um ex-udenista que no MDB era o principal interlocutor entre os comunistas proscritos. Sobre este ilustre sergipanos, o saudoso procurador de Justiça Fernando Nunes tinha histórias hilárias. Veja uma delas: “Humberto era um conversador extraordinário, mas só sabia conversar sobre política. Para ele, não existia nada no mundo fora desse tema.
Uma vez – prossegue Fernando Nunes – avistamos ele se dirigindo em nossa direção, no restaurante Cacique Chá, e combinamos não falar nada sobre política. Humberto chegou, sentou-se e começou a ouvir. Na animada mesa tratava-se de tudo, menos de política. Ele já estava ficando impaciente, quando começamos a discutir sobre carros. Bastou alguém citar o Jeep para Humberto gritar: ‘Jeep? Taí um carro danadinho de bom para se fazer uma campanha política no interior’. A risada na mesa foi geral”. Marminino!
* É editor do Portal Destaquenotícias