Os indígenas da tribo Fulkaxó participaram, em Aracaju, da assinatura do contrato de compra da fazenda Soloncy Moura, no município sergipano de Pacatuba, na região do baixo São Francisco sergipano. A área adquirida pelo Governo de Sergipe tem 44,84 hectares e custou R$ 1,6 milhões. Os recursos foram oriundos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Mais de 100 famílias de indígenas foram beneficiadas com a posse definitiva da terra.
O benefício representa um pleito antigo daquela comunidade indígena, transformado em projeto de lei e aprovado pela Assembleia Legislativa de Sergipe. A Lei 9.345, de 26 de dezembro de 2023, autorizou o governo estadual a transferir duas áreas rurais de sua propriedade para a realocação de famílias indígenas e de agricultores familiares. A iniciativa teve como finalidade preservar a identidade, o modo de vida e a cultura indígena no estado, viabilizando ações que concretizam a demarcação de suas terras, protegendo esses povos de possíveis invasões e ocupações por terceiros.
A conquista foi muito comemorada pelo cacique Tchydjo Ê, que esteve na solenidade acompanhado do pajé Soyré, da tribo Fulkaxó, e de um grupo de indígenas da comunidade. “A assinatura desse contrato representa uma nova era para nosso povo, uma luta de 16 anos por essa terra. Estamos muito agradecidos a todas as autoridades envolvidas, por todo o empenho em resolver essa questão. Nosso povo estava esquecido, em Pacatuba, e agora realizamos o sonho de nossos antepassados”, destacou o pajé.
“Estamos atuando muito fortemente no sentido da regularização fundiária em todo o estado de Sergipe, independentemente de região, e essa é a primeira reserva indígena formada aqui no estado para dar independência a essa comunidade. Assegurar a proteção desses limites é, também, uma forma de preservar a identidade, o modo de vida, as tradições e a cultura desses povos”, enfatizou o secretário de Estado da Agricultura, Zeca da Silva, ressaltando que o diálogo com os entes envolvidos na regularização fundiária dos povos originários e comunidades tradicionais é prioridade da gestão.
A procuradora federal Gisele Bleggi destacou a atribuição do Ministério Público enquanto instituição que luta pela preservação e tutela dos direitos constitucionais e que a entidade sempre estará de portas abertas para intermediar essas questões junto ao poder público.
Para o representante da Funai, João Henrique Cruciol, a assinatura desse contrato representa um grande passo no desenvolvimento da comunidade indígena Fulkaxó. “As tribos indígenas, de um modo geral, sempre foram marginalizadas e já sofreram ataques e violências ao longo de toda a história do nosso país, e hoje reconhecer que seus direitos são preservados, são resguardados e são considerados é muito importante”, enfatizou.
Fonte e fotos: GS