Por Gilvan Manoel *
O valor bruto da produção industrial em Sergipe (VBP) em 2019 interrompeu a lenta recuperação acontecida nos três anos anteriores. Caíram juntos o valor da transformação industrial (VTI) e os custos das operações industriais, indicando o arrefecimento da produção. Em 2019, o pessoal ocupado atingiu o menor valor desde 2010, mesmo tendo aumentado o número de unidades industriais.
Os dados integram a 3ª edição do Anuário Socioeconômico de Sergipe, já disponibilizado gratuitamente pelo Grupo de Pesquisa em Análise de Dados Econômicos, vinculado ao Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Publicado a cada dois anos, o relatório traça um panorama de Sergipe através do desempenho da economia e das demandas sociais do estado e seus 75 municípios, visando contribuir como ferramenta para subsídio às ações dos setores público e privado. O endereço é http://cafecomdados.com/anuario/
Outras conclusões do Anuário sobre o setor industrial de Sergipe:
“A participação da indústria sergipana no VBP da indústria brasileira e nordestina caíram no ano de 2019. Na indústria nordestina, essa participação foi a menor, desde 2010. Somente na fabricação de bebidas, de minerais não metálicos e de produtos de etal, exceto máquinas e equipamentos, as participações do VBP de Sergipe no Brasil e no Nordeste aumentaram.
A indústria extrativa e a de produtos têxteis mantiveram-se como as de maiores parcelas de VBP, no Nordeste e no Brasil, respectivamente, embora as menores, exceto para a indústria têxtil, em 2012.
As produções sergipanas de petróleo e de gás natural atingiram seus menores níveis em 2020. À contínua redução da produção de petróleo em terra, iniciada, mais recentemente, em 2010, reuniram-se as sucessivas quedas da produção em mar, a partir de 2015.
Embora a produção de petróleo em mar responda pela menor parte da produção total, sua queda ininterrupta desde 2015 foi acompanhada pela quase também sucessiva queda da produção de gás, cuja produção em mar responde pela maior parte da produção total.
O desempenho de queda da produção de petróleo e de gás natural em Sergipe acompanhou o nordestino, mais foi mais intenso do que o deste último, seja no ano mais recente considerado, seja no período tratado.
Tais desempenhos vão na contramão do apresentado pelo conjunto do país, que, exceto pela produção de gás líquido, que caiu 3% no ano mais recente, aumentou um pouco suas produções de petróleo e gás em 2019, e significativamente para todos os produtos de 1997 a 2020.”
No caso da eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, o valor monetário do valor bruto da produção (VBP) foi o menor, em 2017, desde 2011. O volume do valor adicionado bruto (VAB) também atingiu, em 2018, seu nível mais baixo, resultado de sucessivas diminuições do mesmo, mais do que compensando negativamente os aumentos iniciais.
Segundo o Anuário, o valor bruto da produção (VBP) da Construção Civil em Sergipe apresentou seu pior resultado em 2018. A diminuição do VBP acontece desde 2013 e, desde então, seguiu incessantemente até 2018. Esse desempenho aconteceu tanto na componente consumo intermediário (CI), quanto de valor adicionado bruto (VAB). Para ambos, e, consequentemente, para o VBP, o ano de 2018 foi de desaceleração e quase interrupção da queda. “As empresas com sede em Sergipe atingiram, em 2019, seu terceiro menor número e o pessoal nelas ocupado, o mais baixo, desde 2010”, informa a pesquisa.
O Anuário é organizado pelos professores de Economia da UFS, Wagner Nóbrega e Luiz Rogério de Camargos. A iniciativa conta com a parceria do economista do Instituto Federal de Sergipe (IFS), Rodrigo Gois, além da participação de cinco bolsistas de iniciação científica, Alba Boaventura, Gregório de Oliveira, Hélder dos Martires, Jorge Alexandre de Paula e Thiago Coelho.
* É editor do Jornal do Dia (artigo publicado originalmente no Jornal do Dia – edição de final de semana)