Fechar as contas, no fim do mês, tem sido difícil para muita gente, já que a inflação pegou todos de surpresa neste fim de ano. Porém, pode ter de adotar mais restrições, pois analistas dizem que a alta de preços não vai arrefecer no início de 2021. Pelo contrário. A expectativa é de que os alimentos continuem pressionados e a inflação se espalhe por outros itens da cesta de consumo, uma vez que diversos reajustes foram empurrados para o próximo ano por conta da pandemia.
Na lista de produtos que devem se somar à cesta básica e pressionar o orçamento da população em 2021, estão o plano de saúde, a energia elétrica, a passagem de ônibus e a mensalidade escolar — serviços administrados que costumam ser reajustados anualmente, mas que não mudaram de preço por conta da pandemia e podem subir duas vezes no próximo ano. O plano de saúde vai cobrar o reajuste de 2020 parcelado em 12 vezes a partir de janeiro e ainda deve sofrer o reajuste anual de 2021. A energia elétrica ficou mais cara em dezembro, com a volta da bandeira tarifária, e pode aumentar mais.
Aluguel
Também em janeiro, devem ser discutidas as novas tarifas do ônibus urbano e da mensalidade escolar. Quem mora de aluguel pode ter que negociar com o dono do imóvel o reajuste do contrato, pois o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que costuma balizar a variação, subiu 21,97% nos 12 meses encerrados em outubro, enquanto o aluguel aumentou 2,01% no período. “No ano que vem, vários itens não vão dar alívio inflacionário”, alerta a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Andreia Lameiras.
Serviços livres, como passagens aéreas, transporte por aplicativo, cabeleireiro e serviços de entretenimento ficarão mais caros à medida que retomarem o fluxo pré-pandemia. Bens industriais também podem subir, segundo a economista-chefe da gestora de investimentos Armor Capital, Andrea Damico, já que os preços no atacado aceleram bem mais do que a inflação — segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) acumula alta de 33,89% nos últimos 12 meses, por conta do impacto do dólar no preço das matérias-primas e dos bens intermediários.
Fonte: Correio Braziliense