Um dado alarmante chamou a atenção da Assembleia Legislativa: a deputada estadual Linda Brasil (Psol) destacou a preocupante situação de insegurança alimentar vivenciada no estado. Segundo dados do Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), mais de 1 milhão de pessoas em Sergipe se encontram nessa condição, o que corresponde a quase metade da população. O estado possui, ainda, a quarta maior taxa do país de lares com crianças menores de 10 anos em situação de insegurança alimentar, totalizando 54,6%.
“São números muito alarmantes. E não conseguimos perceber nenhum programa estruturante que tire essas pessoas dessa condição. Não podemos aceitar programas assistencialistas que prendem essas cidadãs e cidadãos a um projeto de dependência da comida vinda do Governo, das prefeituras. É urgente que seja estruturada uma política pública estadual que garanta direitos a essas pessoas, principalmente assegurando uma alimentação digna, mas, sobretudo, o protagonismo dessas pessoas, através da geração do emprego e renda, do investimento na agricultura familiar e comunitária, além de outros programas”, cobrou Linda.
Disparidade de gênero e raça
O estudo revela uma preocupante disparidade de gênero e raça nesse contexto. Mais de 50,8% dos lares chefiados por mulheres sofrem com insegurança alimentar, e quando a mulher responsável pelo lar é negra, esse índice chega a alarmantes 91,6%.
A deputada Linda Brasil ressaltou que a insegurança alimentar é um problema antigo e que medidas efetivas para enfrentá-lo ainda são insuficientes. “A fome tem raça, gênero, cor. Infelizmente, os dados retratam uma realidade muito perversa, principalmente quando se trata da mulher em meio a esses dados estatísticos. É urgente que o Governo estruture a Secretaria de Estado da Inclusão. É urgente que o Governo garanta as condições necessárias para que a Secretaria de Estado da Mulher possa atuar. Essa luta deve acontecer de maneira intersetorial, envolvendo várias políticas públicas, para que as sergipanas e sergipanos saiam dessa condição. No PPA, vamos requerer que essas políticas sejam tratadas como prioridade”.