Depressão, transtorno de ansiedade e bipolaridade são assuntos ainda proibidos em muitos ambientes sociais. Somado a isso têm a falta de compreensão sobre transtornos mentais e a marginalização de quem sofre com esses problemas.
Segundo o psicólogo André Mandarino, falar sobre saúde mental ainda é um tabu porque está muito associada à doença mental, à loucura, às perturbações variadas de ordem mental.
“As pessoas evitam prestar atenção nisso porque ninguém quer se considerar louco ou ser visto como um louco, desajustado, desequilibrado. Por isso não se pensa em saúde mental como uma coisa que está relacionada à saúde de todos, não apenas a questão da doença mental já caracterizada”, explica.
Mandarino desmistifica a situação ao fazer um comparativo entre saúde física e mental.
“Todos nós passamos por momentos de adoecimento na vida. Enfrentamos momentos de sofrimento no corpo, da mesma forma passamos por momentos de sofrimento mental. É preciso dar atenção a essa dimensão da nossa vida, observar e saber reconhecer quando estamos precisando de ajuda”, orienta.
O ano de 2020, com o cenário de isolamento e perdas geradas pela pandemia, levou os desafios em lidar com a saúde mental para outro patamar.
“A conjuntura de 2020 trouxe desafios adicionais e deixou muito claro a importância de se cuidar da saúde mental. A pandemia não ameaçou apenas a dimensão física, mas mexeu com a estabilidade de todos. Alterou profundamente as nossas rotinas, nossos relacionamentos, forma de viver e de fazer as coisas. Isso aumentou o índice de ansiedade e de depressão que já é bastante prevalente na nossa época”, relata.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em janeiro de 2020, o Brasil era o segundo com maior número de depressivos nas Américas, com 5,8% da população. Também foi apontado como o de maior prevalência de ansiedade no mundo: 9,3%.
“As estatísticas mostram que em torno de 10 a 20% da população é acometida de uma maneira bastante incapacitante por ansiedade e depressão. Com esse tempo de pandemia percebemos um aumento. É por isso que diante desse cenário, todos os anos o Sistema Conselhos de Psicologia, investe em um mês de reflexão sobre saúde mental, uma temática que precisa ser discutida ao longo do ano, em todos os meses e em todos os ambientes”.
O movimento em prol da saúde mental, a partir de 2014 quando surgiu no Estado de Minas Gerais, tem ganhado apoio de entidades de vários segmentos e ações de profissionais de diversas áreas da saúde.
“A sociedade como um todo tem se envolvido com essa discussão na época do Janeiro Branco. São centenas de iniciativas, a exemplo de palestras, ações nas empresas, nas escolas, na mídia. O cenário da pandemia e a necessidade de isolamento social trouxe o movimento do multi-tela, então nos também estaremos nesse espaço para chamar atenção sobre os cuidados. Todos nós precisamos cuidar da saúde mental. Saúde mental é a qualidade de vida”, conclui o psicólogo André Mandarino, Conselheiro Secretário e presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) do Conselho Regional de Psicologia de Sergipe.
Fonte e foto: Ascom/ CRP19