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Joel Silveira, ilustre escritor pouco lembrado em Sergipe

Joel na Itália como correspondente de Guerra dos Diários Associados

Vivo fosse, o jornalista e escritor sergipano Joel Silveira completaria 99 anos no próximo sábado. Veio ao mundo em plena Primavera, tendo nascido no dia 23 de setembro de 1918. Diferente do que muitos acreditam, Joel não era filho de Lagarto, mas de Aracaju. Seus pais, sim, eram lagartenses.

No Ateneu Sergipense Joel (Magno Ribeiro da) Silveira mobilizou os estudantes, fundou e redigiu jornais, criou o Grêmio Clodomir Silva, para homenagear o professor e historiador, falecido em 1932. Em 1936, a frente de uma caravana estudantil, Joel Silveira foi para Estância visitar e conversar com Jorge Amado, romancista baiano, de pais sergipanos, que estava iniciando o primeiro dos seus asilos naquela cidade.

Deve-se a Joel Silveira um relato sobre a visita a Jorge Amado, incluindo com destaque a presença em Estância da primeira mulher do escritor, Matilde Garcia Rosa, sergipana com quem o autor de Suor tem uma filha e a quem dedicou um livro de poemas, dividindo a autoria de um pequeno livro infanto-juvenil. Mas a viagem dos estudantes do Ateneu, liderados por Joel Silveira, tinha conotações políticas, que marcariam a vida dos dois principais personagens.

Em fins de 1936, Joel Silveira vai para o Rio de Janeiro, e no ano seguinte matricula-se na Faculdade de Direito e passa a trabalhar e a colaborar com o Dom Casmurro, então dirigido pelo poeta Álvaro Moreira, publicando seu primeiro livro, de contos, Onda raivosa, permanecendo ali até 1943, quando passa a colaborar com a revista Diretrizes, de Samuel Wainer.

Entra nos Diários Associados e, sob o comando de Assis Chateaubriand, é mandado para a Itália, para cobrir a Força Expedicionária Brasileira – FEB, entre setembro de 1944 e maio de 1945, fixando suas atividades de repórter, que consagraria, em definitivo, sua biografia de jornalista e de intelectual.

Com o movimento militar de 1964 sofreu censura, mas não perdeu a coragem de condenar o autoritarismo, como é exemplo o conjunto de textos que escreveu sobre Seixas Dória, governador de Sergipe tirado a força do Palácio Olímpio Campos e levado para o presídio de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

Durante mais de sete décadas, testemunhou fatos, conviveu com personalidades importantes da vida brasileira, escreveu 40 livros, entre crônicas, contos e memórias, e um único livro de poesia, O marinheiro e a noiva, editado em 1953, com ilustração de Darel (Darel Valença Lins, desenhista e gravurista pernambucano) e tiragem de apenas 200 exemplares, numerados, sob a responsabilidade do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto.

A obra de Joel Silveira mereceu, pelo seu conjunto, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. O jornalista e escritor sergipano recebeu outros prêmios, de entidades que reconheceram os seus textos como documentos a vida e da história do Brasil. Joel Silveira morreu aos 88 anos, próximo dos 89, no dia 15 de agosto de 2007 e seu corpo foi cremado, no Rio de Janeiro.

Texto do saudoso Luiz Antônio Barreto

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