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Ferreiro, uma profissão milenar que está em extinção

Trata-se de profissão que passa de pai para filho, para neto, bisneto e segue de geração em geração

Ferreiro é o nome que designa uma profissão e a atividade deste profissional, que é um misto de artesão e artífice metalúrgico, cujos trabalhos são requeridos no decorrer da história da humanidade por reis, fazendeiros, carpinteiros, cavaleiros, agricultores, pedreiros e outros profissionais. Embora seja profissão milenar, considerada em extinção, ainda hoje há muitas ferramentas e outras peças que continuam sendo produzidas por estes profissionais.

Em Carira, localizado no semiárido sergipano, um ferreiro se destacou por muitos anos, sendo procurado por pessoas de Sergipe e da Bahia para produzir as mais variadas peças em ferro. Ainda vivo e morando em Aracaju, Genário Oliveira não apenas fabricava as peças, com ajuda do fole, do fogo, do martelo e da bigorna, como consertava equipamentos domésticos, a exemplo de máquinas de costura, além de espingardas e revólveres. Os fazendeiros o procuravam, principalmente, quando precisavam fazer o ferro com suas iniciais para marcar o gado. Estudioso no assunto, Genário nunca desapontava os clientes, até que um dia – no final da década de 70 -, resolveu largar a profissão para se transformar num próspero comerciante de roupas prontas.

Trata-se de profissão “hereditária”, que passa de pai para filho, para neto, bisneto e segue de geração em geração, como é o caso de Edval Teixeira dos Santos, 48 anos. O ferreiro e as ferrarias resistem às modernas metalúrgicas. Ainda hoje muita gente prefere talhadeiras e ponteiros de aço das ferrarias, porque duram mais. Durante milhares de anos as ferramentas e uma infinidade de objetos eram produzidas artesanalmente pelos ferreiros.

Em suas barulhentas ferrarias eles “fabricavam manualmente”, além das ferraduras, os machados, foices, martelos, picaretas, enxadas, escavadeiras, ancinhos, enxadões, facas, facões, punhais, sabres, dobradiças, ferrolhos, correntes para tração animal, correntões para usinas e para os tratores; grelhas de arados, rodas de arados, aro das rodas de carros de boi, cambões, garruchões para conduzir gado, e mais uma infinidade de itens, como tesourões de cortar grama, fornos à lenha e espetos para churrasco.

Curiosidade

E por ser somente os ferreiros que produziam os espetos no passado, nasceu a expressão, “Casa de ferreiro, espeto de pau”, para designar a desídia de algum profissional das Ferrarias.    Além das ferramentas e objetos já mencionados, outros itens, como esporas, aviamentos para cavalos, como os arreios, que servem para encilhar e colocar freio que vai à boca do animal, durante décadas eram encomendados nas ferrarias pelas lojas de ferragens.

O Ferreiro é uma pessoa que cria objetos de ferro ou aço, por “forjar” o metal. Através da utilização de ferramentas como fole, bigorna e martelo, dobra e corta, para moldá-lo na sua forma não líquida.

Em Guaporé, uma ferraria resiste ao tempo nas mãos habilidosas da Família Marina. Surgida há mais de 62 anos, através do Sr. João José Marina, pai de Celso e Mário, que atualmente mantém o negócio em funcionamento, a Ferraria Marina vai resistindo ao tempo graças ao trabalho e dedicação dos irmãos Ferreiros.

Celso Marina, conhecido também pelo apelido de “Pingo”, nos contou que aos quatro anos de idade já frequentava a ferraria do pai, a exemplo dos irmãos, auxiliando em pequenos serviços e aprendendo desde muito cedo a profissão que herdou com grande orgulho.

A Ferraria Marina produz todo o tipo de ferramentas, como enxadas, machados, pás, picaretas, facas e facões. Todo o processo é feito de forma artesanal pelos irmãos, que agregam vasta experiência e habilidade herdada do pai, o que resulta em produtos de qualidade incomparável.

Quanto ao futuro da ferraria, restam somente dúvidas e incertezas. Assim como a maioria das ferrarias que sobraram pela região, não há como afirmar que os filhos levarão adiante a profissão. Muitos fatores levam a crer que esta será mais uma profissão a se perder no tempo. Poucas regiões do país possuem ferrarias. A profissão, que em tempos atrás era valorizada, hoje está completamente esquecida, isso devido a evolução da tecnologia que oferece meios mais fáceis para a realização do trabalho.

O Ferreiro na história

Acredita-se que a profissão de Ferreiro exista deste quando o homem aprendeu a manipular e moldar os metais (em torno de 2.000 a.C.), sem grandes distinções até os tempos atuais.

Durante a idade média era comum a imagem do Ferreiro da aldeia, responsável por praticamente toda a metalurgia do feudo ou povoado, sendo que muitas vezes, nestes tempos, o Ferreiro se tornara sinônimo de forjador de armas, já que era função dele fabricar as armas (espadas, lanças, machados, etc.) utilizados pelos soldados da época.

O Ferreiro foi também um dos profissionais mais solicitados na Idade Média pela necessidade de equipar os exércitos com couraças, elmos e outros dispositivos de proteção dos soldados, ou de armas, como espadas, lanças e flechas em ferro temperado de grande resistência.

A arte de moldar o ferro

Geralmente o metal é aquecido até que fique vermelho ou laranja, como parte do processo de forjamento. Ferreiros produzem coisas como portões de ferro forjado, grades, lustres, luminárias, mobiliário, esculturas, ferramentas, implementos agrícolas, objetos religiosos e decorativos, utensílios de cozinha e armas.

A forja é o lugar onde trabalha o Ferreiro. Sobre uma pequena construção de pedra fica a fornalha, onde se coloca o carvão ardido. De um lado vai uma pedra vertical, com um buraco no fundo, onde entra e apoia o bico do fole. Este, de grandes proporções, é de couro nos lados e, em cima, debaixo e no meio, de madeira, funcionando através de uma alavanca. Aí, o Ferreiro molda as suas peças aquecidas a nível extremo a partir da força física de que é provido, bem como da sua capacidade artística, pelo que martela cada peça em cima da bigorna, de modo a que esta adquira a forma desejada.

Nas ferrarias antigas não podiam faltar instrumentos como o cavalete ou safra; o calçador, a talhadeira e o ponteiro encaixados em “vergueiros” de carvalho, rachados numa ponta e apertados por argolas ou arames, para calçar, cortar ou furar sobre a safra; os tufos (tacos de ferro para fazer o olho das enxadas, dos machados, etc.); a sofrideira, para dar as formas ao ferro; a craveira, para fazer as cabeças dos cravos e dos pregos; a rosca, para fazer as roscas dos parafusos; as tenazes de vários tamanhos e formas; o engenho de furar; e o rebolo para afiar a ferramenta, constituído por uma pedra redonda, como uma pequena mó de moinho, apoiada ao centro num ferro com um dos lados em forma de manivela para ser acionando pelo pé.

Fontes: Celso Marina e Mário Marina (Crédito/leslietharp.wordpress.com)

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