“Eu tinha uma tristeza sem fim, para mim a vida não valia a pena, era como se eu tivesse no mundo sem nenhum objetivo”. Depoimentos como estes estão cada vez mais comuns. São sintomas da depressão, uma doença que tem acometido milhares de pessoas em todo o mundo. E o pior é que muita gente desconhece os sintomas e muitas vezes até julga ser apenas uma tristeza passageira ou até classificando estas características como “ frescura” e forma de chamar a atenção. Nossa entrevistada que prefere não ser identificada diz, ainda, que a depressão traz outros problemas. “Eu não conseguia dormir, passava horas acordada, mas não queria sair da cama. Eu não comia, fiquei muito magra”.
A psicóloga Andreza Góis, que atende no Centro de Reabilitação Maria Virginia Leite Franco, do Ipesaúde, classifica a depressão como o “mal do século” e atribui, a entre outros fatores, a chamada “somatização” dos problemas. “Nos tempos de hoje, os pacientes tem somatizado problemas emocionais no casamento, no trabalho, com os pais, com os amigos e esse acumulo traz problemas físicos como dores, dificuldade de fala pouco se relacionam com os problemas da mente”.
O psiquiatra do Centro de Especialidades do Ipesaúde, Tone Rudon concorda. Ele comenta que por causa do atual ritmo de vida imposto, no qual é preciso trabalhar muito para sobreviver, tem interferido nessas questões. “As pessoas cada vez trabalham mais e dormem menos e deixam a saúde de lado, quem trabalha muito tende a ser muito mais estressado, por exemplo”, diz. Mas, o especialista ressalta que não é necessário apenas com a saúde física, mas com a mental também.
Terapia
“Falam muito em alimentação saudável, atividade física, mas e a saúde mental? É preciso aprender a lidar com problemas, pois todos nós temos. Mas é preciso avaliar nossas condutas e reações diante desses problemas. Por exemplo, tem gente que tende a se auto criticar muito, que tudo que faz tá errado, isso não é saudável. Um momento da vida isso vai refletir na saúde”. E é aí que entra a terapia, quando a pessoa aprende um novo jeito de encarar a vida. “A gente faz o paciente acordar para a vida e se amar, faz com que ele enxergue que é um ser que está ali para evoluir, para superar as dificuldades e que ele é capaz, que ele é alguém especial para si próprio e para o outro”, explica Andrezza Gois.
Segundo ela, somente quando há alguma doença instalada é que se recomenda o uso de medicamentos. “Em sintomas extremos, como insonia, quando constatamos a dor psicossomática, insonia, nos casos da sensação de taquicardia provocada pela síndrome do panico, mas o tratamento psicólogico é essencial pois descobre e trata onde está mesmo o problema”,diz. De acordo com o psiquiatra Tone Rudson, depressão e ansiedade são as doenças mais comuns entre os usuários do Ipesaúde que procuram o ambulatório.
Diante disso, é importante a conversa e a integração entre os profissionais. “É ver o paciente como um todo e não apenas na sua área, ter a visão amplificada, conversar com os colegas e ir indicando. Aqui no Ipesaúde fazemos sempre isso, através de todos os centros ambulatoriais. Estamos aqui para cuidar do todo”, avalia Andreza Gois.
Fonte e foto: Ascom/Ipesaúde