Mangue Seco, vilarejo que foi imortalizado por Jorge Amado no romance “Tieta do Agreste”, está cada vez mais próximo de sumir do mapa. Na vida real, a pacata vila de pescadores não está ameaçada pela indústria Brastânio, de dióxido de titânio, como no livro, mas sim coberta pelas dunas de areia que ficaram famosas na TV e no cinema.
O povoado que serviu de esconderijo para o escritor, perseguido pelo regime de Getúlio Vargas em 1935, está cada vez menor. O local vem desaparecendo desde 1938, quando duas ruas foram invadidas pelo mar. Na década de 60, as dunas engoliram quatro ruas e duas praças, formando uma enorme parede por trás das casas na rua principal.
Localizada na foz do rio Real, em um braço de terra na divisa da Bahia com Sergipe, a vila no município de Jandaíra (BA), está cercada e vem perdendo terreno gradativamente para o mar e para a areia. “Ambientes estuarinos [onde o rio se junta ao mar” são frágeis, e é natural nesse tipo de região que se reduza gradativamente o espaço de continente”, afirma a bióloga Carla Fabiola Pereira, coordenadora das APAs (Área de Proteção Ambiental) do litoral norte da Bahia. Segundo ela, o vilarejo não estava preparado para receber tantos turistas.
Apesar da parede de areia atrás da vila, o que os moradores mais temem é o avanço do mar. “O nível do mar subiu muito. Antigamente eu ia da porta da minha casa até o mar em 50 minutos. Hoje, eu vou em 20”, afirma o pescador Antônio Pereira.
O primeiro sinal de que Mangue Seco corria perigo surgiu em 1938, quando, em uma noite de inverno, a maré subiu e as ondas avançaram sobre uma rua inteira. Em poucos dias, derrubou todas as casas do local. A partir daquela noite, a maré seguiu subindo e acabou pondo abaixo as casas de outras duas ruas subsequentes.
Texto de João Wainer (Crédito/Guia de Turismo e Viagem)
1 Comments
É uma pena estar acontecendo isso com um dos mais belos cartões postais do Nordeste.