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Mário Cabral, poeta e advogado

Gilfrancisco*

Esplêndidos, eu lhe diria, se um simples adjetivo valesse uma crítica. Mas no seu caso, vale. Variedades de metros, dos libertados, à moda nova dos independentes em arte, aos cativos, ao jeito antigo dos clássicos e métrica. E a riqueza cintilante dos temas renovados pelos frêmitos da alegria criadora, valentemente forte, que os seus versos revelam, faz que sem diga de Mário Cabral o melhor que se passa dizer, não uma promessa, porém uma esplêndida (lá vem o adjetivo) afirmação do poeta.

Carlos Chiacchio. A Tarde, Salvador, 1936.

Autor de duas dezenas de livros (crítica, história, folclore, poesia, ensaios, contos, romances, memórias), Mário de Araújo Cabral nasceu em Aracaju em 26 de março de 1914, estudou no Atheneu Pedro II e fez os estudos complementares em Salvador, onde formou-se em Direito em 1937, pela Faculdade de Direito da Bahia. Ao retornar a Aracaju, advogou, lecionou e dirigiu o Sergipe Jornal, fundou a revista Aracaju e foi seu prefeito. Em 1955, passou definitivamente a viver em Salvador, onde dirigiu o Diário da Bahia, passando depois a colaborar no Diário de Notícias, Estado da Bahia e no Jornal da Bahia.

Sergipe-Jornal

O vespertino Sergipe-Jornal, fundado pelo deputado federal Carvalho Neto (1889-1954), membro do Partido Republicano Conservador, circulou pela primeira vez em 25 de julho de 1921 e foi adquirido em 10 de julho de 1944 pelo Promotor Público Paulo Costa (1912-1961) e por Mário Cabral, jovens e talentosos bacharéis, que passaram a desafiar o DIP e o DEIP/SE. Após alguns dias sem circular, o Sergipe-Jornal (órgão independente e noticioso), está de volta às bancas com um novo formato, diagramação e logomarca. A edição de 24 de julho de 1944 (18 páginas), em comemoração aos 25 anos de existência, traz o editorial Nosso Aniversário. Vejamos um trecho:

Sergipe-Jornal completa hoje o seu vigésimo quinto aniversário.

Trata-se, como se vê, de um quarto de século de vinte e cinco anos de lutas de árduos combates em favor da coletividade.

Sempre esteve, este órgão, desde o seu primeiro número, ao lado da justiça, da liberdade, da confraternização humana, repudiando, por nisso mesmo, toda e qualquer manifestação de prepotência, de força bruta ou de abuso de poder.

Através de vinte e cinco anos, desfilaram na marcha do tempo, diversos acontecimentos históricos.

Através de vinte e cinco anos, explodiram, para amargura de povos e de nações, duas horríveis guerras mundiais.

Mas, através desse quarto de século, manteve, sempre, o Sergipe-Jornal, hoje como ontem, amanhã como hoje, a sua retilínea atitude de nobreza moral, a sua inflexível norma de caráter política, a sua definitiva orientação em favor dos grandes ideais de democracia e de liberdade. (…)

Conferência

O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, em sessão conjunta com a Academia Sergipana de Letras e o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura, realizaram na noite de 22 de novembro de 1951, no salão nobre daquela instituição, uma conferência do escritor Mário Cabral, intitulada “Folclore infantil na cidade de Aracaju”. O pequeno e interessante trabalho de investigação subsidiária ao folclore nacional, comprovaram vários pesquisadores. Mario dissertou sobre o tema por mais de 2 horas. Registra o Correio de Aracaju, de 27 de novembro de 1951:

Retorno ao país da infância é um ensaio sobre as tradições orais e correntes que impregnaram, pela beleza lírica das produções recolhidas, pela simplicidade de outras manifestações do sentir do povo, o mundo em que vive arcada a criança de sua terra natal – Aracaju.

Mário Cabral tem paixão por sua Aracaju. Quando publicou o seu “Roteiro”, confessou que era um hino a sua terra natal. Daí o gosto e o cuidado em tratar de um assunto tão importante quanto vasto em torno do tradicionalismo e, especialmente, o folclore infantil de sua cidade.

Mário Cabral, com a sua alma de poeta, não deixou de dar ao seu trabalho o colorido local e tudo que no rumor das revivências ligasse o presente ao passado.

Revista de Aracaju (1943-2025)

A Revista de Aracaju surgiu no ambiente intelectual sergipano na década de 40, época de muitas mudanças e de muita criação. Primeira publicação regular de caráter cultural mantida pela municipalidade da capital do Estado. Circulava anualmente e divulgava estudos sobre assuntos regionais.

Com 80 anos de existência e 10 números publicados, a Revista de Aracaju teve seu 1º número lançado em 1943, sendo seu editor o professor José Calasans. Após dezessete anos fora de circulação, volta graças ao compromisso assumido pela gestão “Aracaju, uma Cidade para Todo”, do prefeito Marcelo Deda.

Publicação mantida pela Prefeitura Municipal de Aracaju, onde os mais expressivos nomes da intelectualidade do Estado colaboraram na Revista, através de artigos ou ensaios, nas áreas da literatura, história, política e ensaios biográficos, estudos etnográficos, educação, além da reprodução de vários documentos inéditos: Mario Cabral, Enoch Santiago, Felisbelo Freire, José Aloísio de Campos, J. Pires Wynne, Silvério Fontes, Clodomir Silva, Beatriz Dantas, Acrísio Cruz, Fernando Porto, Epifânio Dórea, José Calasans, dentre outros. Seu último número saiu em 2005.

Números Publicados:

Nº1,   1943.  Diretor: José Calasans

Nº2,   1944.  Editor:

Nº3,   1949.  Diretor: Mario Cabral

Nº4,   1951.  Diretor: Mário Cabral

Nº5,   1954.  Editores: Sólon Figueiredo e Sales de Campos

Nº6,   1957.  Editores: Luiz Rebelo Leite e Demócrito de Brito Costa

Nº7,   1962.  Editor: Emilio Vieira de Vasconcelos

Nº8,   1985.  Editora: Clara Angélica Porto

Nº9,   2002.  Coordenadora: Tereza Cristina Cerqueira da Graça

Nº10, 2003.  Coordenadora: Tereza Cristina Cerqueira da Graça

Nº11, 2005.  Coordenadora: Tereza Cristina Cerqueira da Graça

Cláudio Nunes X Mário Cabral

20/01/2007
Carta de Mário Cabral

Peço mais uma vez aos leitores a compreensão para usar o espaço desta coluna para publicar uma carta recebida de Mário Cabral. Para quem não conhece, Mário Cabral é uma referência intelectual de Sergipe em todo país. Advogado, jornalista, poeta, historiador, crítico literário, estão entre as profissões de um dos mais ilustres sergipanos dos últimos sessenta anos. Como bem escreveu Jackson da Silva Lima. Na década de 40, ao lado de José Calasans, Fernando Porto e outros ilustres sergipanos, fez de Aracaju um centro cultural de vanguarda, dando destaque nacional ao pequenino Sergipe, a partir do nosso próprio espaço, sem o aval prévio das grandes metrópoles. Entre seus escritos, “Cidade Morta”, que é um marco na literatura sergipana. O leitor deve imaginar como este mero jornalista sentiu-se orgulhoso ao receber uma carta deste que é um dos maiores intelectuais vivos sergipanos. A carta foi escrita no dia 16 de dezembro do ano passado, dez dias após o lançamento do livro. Só agora, após pedir autorização ao autor, que este jornalista resolveu publicá-la. Eis a carta:

Caro Amigo Cláudio Nunes:

Recebi seu livro, “A liberdade da expressão”, enviado pelo nosso amigo comum Wagner Ribeiro. Não tenho o prazer de conhecê-lo pessoalmente. Mas conheço o que você pensa, escreve e divulga no jornalismo sergipano, área da política e seus bastidores. Estou na Bahia, desde 1955, governo de Antônio Balbino. Estou longe e estou perto, desde que atento às coisas da minha terra. Escrevo com esforço, doente e com 92 anos, também de luta, ficção e fora dela, quando da guerra de Hitler e Mussolini.

Seu livro é um livro raro, o pensamento aberto e livre na defesa dos princípios essenciais da vida pública. O povo não sabe de nada, iludido, sempre, pela versão da máscara oficial. Mas abaixo vem o veneno, coberto. É preciso ir buscá-lo nos arquivos ou no bojo dos computadores, baú de segredos. E não há exceções. O país inteiro é uma bandalheira só, de ponta a ponta. Você tem brilho, força e coragem. A revelação da verdade custa tino e pesquisa, nos cofres, desvãos, linguagem secreta, ali, bem perto, ninho de sujeira e da corrupção. A impunidade traz, para nós outros, quase o desânimo, amparada por normas especiais ou privilégios escusos.

Esta, Cláudio Nunes, é a sua missão em Sergipe: a denúncia e a prova, a reposição da verdade para o povo faminto e espoliado. Seu livro retrata a revolta e o não-conformismo. Você, em livro forte e bem escrito, luta pela liberdade de expressão, com gana, garra e destemor de linguagem que se mostra claro e lúcido. Agora a nova trincheira da Internet, mais segura e abrangente. Parabéns, amigo. Uma bandeira se agita no céu de Sergipe. Uma esperança. Abraço do seu admirador,

Mário Cabral.

Caderno de Crítica

Sobre este livre, publicado em Aracaju, em 1944, 2ª edição, 1945, Aluysio Mendonça Sampaio em artigo publicado no Correio de Aracaju, 5 de abril de 1945, diz:

Acabo de ler Caderno de Crítica, de Mário Cabral, logo senti que a este crítico não faltavam as qualidades primordiais para os intelectuais que se dedicam a este gênero literário, qualidades estas que são: honestidade, sinceridade, altivez e independência.

E, além de eu ter isto observado através da minha leitura, ele próprio declara:

“Não costumo elogiar a quem não possui mérito. Não pertenço a nenhuma igrejinha de elogio mútuo. Sempre movi guerra aos vendedores de expressões laudatórias – magarefes das letras nacionais – que vivem retalhando e destruindo adulações, no balcão ensebado da literatice contemporânea”.

Isto aí é uma prova clara de sua sinceridade. Ele diz, em suas críticas, o que realmente vê nas obras estudadas, sejam elas de autores seus amigos ou estranhos. Ele não coloca – como acontece com muitos outros – a amizade em plano superior ao julgamento sincero. É que muitos são sentimentalistas, qualidade esta prejudicial ao crítico pois o seu espírito de julgamento e de análise é sufocada pelo sentimentalismo. Mario Cabral é assim. Quando ele critica não procura saber se o criticado é seu amigo ou qualquer pessoa de alta posição social ou literária. Ele diz o que observa – e não o que desejaria fosse verdade. Para os falsos escritores ele tem os seus ataques incisivos – nunca, porém, com palavras ásperas, transparecendo ares de polemista. Ele apresenta o seu ataque sob o riso do seu humorismo, ou o sorriso amarelo de sua ironia. Este seu modo de criticar quando aponta falhas na obra estudada é completamente diferente da de Álvaro Lins, que – como diz o próprio Mário Cabral – “mesmo discordando do criticado, seja de referência ao seu estilo, seja de referência à sua doutrina, mantêm-se, sempre dentro em um clima de amabilidade, sem descair para frase primas, sem descambar para os conceitos ofensivos e humilhantes”.

Eleição na ASL

Maria de Araújo Cabral foi eleito em 2 de julho de 1940 e tomou posse na Academia Sergipana de Letras em 13 de setembro de 1941, ocupando a Cadeira nº 17, sucedendo ao escritor Manoel dos Passos Oliveira Teles. Vejamos a Nota do Correio de Aracaju de 3 de julho de 1940:

Realizou-se, ontem, à noite, no edifício do Instituto Histórico e Geográfico, a sessão para preenchimento de vagas abertas na Academia Sergipana de Letras. Compareceram pessoalmente, os acadêmicos des. Hunald Cardoso, Dr. Carvalho Neto, prof. Magalhães Carneiro, des. Edison Ribeiro, Mons. Carlos Costa, prof. Santos Melo, des. Gervásio Prata, jornalistas Zózimo Lima, Exupero Monteiro e Epifânio Dória.

Aberta a sessão, com número legal, pelo presidente des. Hunald Cardoso, foi, após, pelo secretário Zózimo Lima, lida a ata da sessão anterior, unanimente aprovada.

Procedeu-se depois a votação, sendo eleitos, por maioria, os conhecidos homens de letras drs. Mário Cabral, Leite Neto, Luiz Garcia, cônego Domingos Fonseca e Freire Ribeiro.

Por não apresentar os seus livros publicados, desconhecidos pela maioria dos acadêmicos, não obteve votos suficientes para ser eleito o padre Filadelfo Oliveira. (…)

 

Vida & Obra

Mário Cabral, um sergipano que, se não o fosse “desejaria sê-lo”, nos faz um convite em forma de recado, na abertura do livro Roteiro de Aracaju, para conhecer a sua cidade.

Citando Jorge Amado, Mario Cabral diz não ser um guia turístico, assim como se comportou o autor de Bahia de Todos os Santos, convidando o leitor para conhecer as tortuosas ladeiras, becos e ruelas, praias, igrejas barrocas da capital dos baianos.

O memorialista traça uma cartografia sentimental de Aracaju e vai conduzindo o leitor por espaços iluminados ou sombrios da sua cidade dos anos 1930 e 1940, século XX e o faz com graça. O livro é um poema em prosa.

Nesta obra, apresentamos um pouco da longa e frutuosa trajetória desse bardo sergipano que jamais se desenraizou do seu torrão natal.

Estudar a vida do jornalista, poeta, crítico literário, significou mergulhar na memória cultural de Aracaju e de Salvador. A sua posição jornalística de defensor da democracia, da austeridade com a coisa pública, avesso a acomodações fáceis, foi o norte para traçar os significados do seu discurso. Sem querer mitificar a figura do intelectual, vimo-nos diante de um impasse onde carreira, homem e mito se nivelaram.

Buscamos a isenção, mas confessamos ser quase impossível ficar-se ao largo sem tecer considerações, uma vez que se está diante de um monumento da cultura de Sergipe, que teve a sua incursão na vida intelectual aos 20 anos e que permaneceu até os 95 com a lucidez clareada pela modernidade a que se impunha como intelectual, atualizando-se.

Revisitar o seu percurso existencial, literário e funcional é desafiante e suscita um olhar sobre a situação política, ideológica, social e familiar, para, enfim, colocá-lo nos espaços que lhe dão no atestado de pertencimento.

Lemos, não só a sua obra, como também, os seus textos dispersos pelos jornais, alguns coligidos pelo autor e republicados em livros.

Examinamos a sua fortuna crítica e traçamos este exercício de biografia. (…)

(Ana Maria F. Medina – Mário Cabral Vida e Obra, 2010)

 

Comentários

Mário Cabral, um poeta de altos voos nos quais exercita a agudez do seu olhar. Mário Cabral, um poeta que adeja, quando o tema e os instantes d vida demandam maior proximidade. E ainda e sempre o andejo de firmes e seguros passos, que deixam as marcas de um grande artista e de uma figura humana singular.

Wagner da Silva Ribeiro (1944-2017)

 

Autor de uma obra literária com mais de dez livros publicados, além de um vasto acervo dispersos em jornais. Mário Cabral, atualmente com 85 anos de idade, metade deles vivida em Sergipe, sua terra natal, e a outra metade na Bahia, é um escritor consagrado, possuidor de ampla experiência no manuseio dos gêneros como: jornalismo, ensaio, folclore, poesia, história, memórias, crítica e ficção. Caminho da Solidão é o romance que ele publicou pela primeira vez em 1962 e foi relançado neste ano 2000, em 3ª edição, comprovando, pelo êxito editorial, o atrativo da sua linguagem e da sua construção.

João Oliva Alves  (1922-2019)

 

Mário Cabral vive a solidão e o isolamento. Morreu a poucos dias sua companheira, amiga, cúmplice, plateia de suas leituras, D. Seyla Cabral, deixando mais que a ausência e a falta, levando um pedaço da alma do escritor, devotado amante na partilha dos bens do coração. Mário Cabral já recebeu, é certo, alguma homenagem de Sergipe, maior do que possa caber numa medalha ou num título. Sergipe deve a Mário Cabral tudo aquilo que possa significar reconhecimento, admiração, respeito, justiça. É preciso que os livros de Mário Cabral circulem nas cátedras das escolas de todos os níveis, pois ele escreveu para a pluralidade dos leitores, e que suscitem estudos, debates, monografias, dissertações, teses, pela qualidade e atualidade de sua contribuição de intelectual.

Luiz Antônio Barreto (1944-2012)

 

Mário Cabral lançou à publicidade esse ano om seu primeiro livro, que em admirável feitura saiu dos prelos d Regina – Editora, desta capital. Nome d’alto valor literário que dispensa esses elogios os que são o enfeite de tantas mediocridades fosforescentes, o admirável poeta da Cidade Morta, ve3nceu brilhantemente neste meio quase sempre hostil às causas do Pensamento. Sua personalidade mental já se fixou luminosa e amigavelmente sem alardes gritantes e chocantes, no mentalismo nacional. Caderno de Crítica, é a prova do que afirmamos sem louvaminhas e incensamentos. É trabalho sério másculo, vertical. A Crítica é um calvário de muitas cruzes para quem a faz e para quem a recebe quando o crítico, cedendo ao coração, tece delituoso arenga ao estulto, ou obscura, por vaidade ou despeito o que vai criticar.

Freire Ribeiro (1911-1975)

Mário Cabral, o múltiplo, personifica e exprime o escritor numeroso, genuíno, que explora quase todos os gêneros: o jornalismo, a crônica, o conto, o romance, o ensaio, a poesia, a crítica, a história, a memória, o folclore. Mestre de várias gerações, Mário Cabral é o que melhor se aproxima de João Ribeiro.

Armindo Pereira (1922-2001)

 

*Gilfrancisco é jornalista, escritor, Doutor Honoris Causa concedido pela UFS. Membro do Grupo Plena/CNPq/UFS e do GPCIR/CNPq/UFS

gilfrancisco.santos@gmail.com

 

[1] Sobre sua obra, ver a monografia “Mario Cabral sessenta hum anos de literatura” de Domingos Francisco Dias, apresentada no curso de pós-graduação da Faculdade Atlântico, abril, 2005.

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