A 23ª Missa do Cangaço, agendada para o dia 28 de julho próximo, poderá não ocorrer por conta da pandemia da Covid-19. A organização ainda não se posicionou oficialmente sobre o adiamento do evento, contudo o cancelamento é quase certo, pois seria muito difícil evitar a aglomeração dos participantes na vegetação da caatinga. A Missa acontece todos os anos no Monumento Natural Grota do Angico (Mona), unidade de conservação gerida pela Superintendência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) localizada na divisa dos municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, sertão de Sergipe.
Ameaçada de não ocorrer, a Missa do Cangaço registraria os 82 anos da morte de Virgolino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como “Lampião”, executado em 28 de julho de 1938 na grota, ao lado de sua esposa, Maria Bonita, e de seu bando, depois de emboscada policial. O evento religioso é organizado por familiares de Lampião, particularmente sua filha Expedita Cardoso e os netos Djair Ferreira, Gleuse Ferreira, Isa Ferreira e Vera Ferreira, contando com o apoio logístico da Semarh
Na Grota, existe um memorial com cruzes fincadas em rochas, demarcando o local exato em que os corpos dos cangaceiros foram encontrados. A missa já entrou para o calendário de ecoturismo de Sergipe e visa celebrar e preservar as indissociáveis memórias de Lampião e do Cangaço. Quem participa, é remetido, involuntariamente, ao dia do massacre, naquele local envolto a ribanceiras, cercado por veredas, chão pedregoso e coberto por catingueiras e macambiras.
A Missa une história nordestina e a preservação do bioma caatinga., permitindo o resgate da cultura do Cangaço, da nossa história. E o melhor é que ocorre dentro da unidade de conservação, caracterizando-se um casamento perfeito: preservação da caatinga, por meio de ação do Estado, e também da história do Cangaço, que tem tudo a ver com a tradição dos sergipanos.
Morte de Lampião
O bando de Lampião acampou na fazenda Angicos, Sertão de Sergipe, no dia 28 de julho de 1938. A área era considerada por Virgulino como de extrema segurança, longe das vistas das forças policiais. Mas na manhã do dia seguinte, os cangaceiros foram vítimas de uma emboscada, organizada por soldados do estado vizinho, Alagoas, sob a batuta do tenente João Bezerra. Mas o êxito dos soldados se dá porque o bando de Lampião foi traído. De acordo com pesquisadores, o combate durou somente 10 minutos.