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Morre Clodoaldo Alencar Filho, ex-reitor da UFS

José Vieira da Cruz (esquerda) ao lado do professor Alencarzinho

Morreu, neste sábado (13), o professor Clodoaldo Alencar Filho, 88 anos. Ex-reitor da Universidade Federal de Sergipe, ele nasceu de Estância (SE). Era filho do poeta Clodoaldo Alencar e de dona Eurydice Fontes de Alencar. Foi casado com a professora Aglaé D’Ávila Fontes, tinha dois filhos: Del e João Marcelo. A sobrinha Moema comunicou a morte do poeta pelas redes sociais: “Esse tio querido, lindo, inteligente, amigo e muito amado, desencarnou naturalmente hoje em casa. Que ele desperte com os seres celestiais, com a luz divina, com o Altíssimo e com seus irmãos e entes queridos. Amor, bem e gratidão, grande professor Clodoaldo Alencar Filho”. Seu sepultamento ocorrerá neste domingo (14), às 10h, no Cemitério Santa Isabel, em Aracaju.

Alencarzinho, como muitos o conheciam, foi um dos primeiros reitores eleitos da Universidade Federal de Sergipe no período de retomada da democracia brasileira. Formado em Letras Inglês, pela Faculdade Católica de Filosofia, Alencar Filho atuou, de forma decisiva, na cena política e cultural: no rádio, no teatro, na imprensa escrita e na gestão pública municipal de Aracaju na época do prefeito Godofredo Diniz Gonçalves (1963-1967), e, depois na gestão da Universidade como reitor eleito pela comunidade universitária (1988-1992). Foi secretário da Educação de Sergipe (1995) e fazia parte da Academia Sergipana de Letras. Clodoaldo Alencar Filho era irmão do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça e ex-professor da UFS, Luiz Carlos Fontes de Alencar  (1933- 2016), do artista plástico Leonardo de Alencar (1940-2016)  e do poeta e teatrólogo Hunald de Alencar (1942-2016).

Abaixo um artigo do saudoso poeta e jornalista Amaral Cavalcante sobre o amigo Clodoaldo:

Clodoaldo de Alencar Filho

Devemos ao Professor Clodoaldo de Alencar Filho, o nosso Alencarzinho, não somente a introdução da ação cultural em programas institucionais do poder público, em Sergipe, como também a criação de projetos pioneiros na área, num tempo em que destinar recursos públicos para a Cultura era uma novidade administrativa com pouco crédito entre os administradores locais.

Na gestão do prefeito de Aracaju Godofredo Diniz, Alencar o convenceu a mandar construir a nossa primeira Galeria de Artes oficial, a Álvaro Santos, liderando um grupo de artistas locais onde estavam, entre outros, os pintores Otaviano Canuto, Florival Santos e Leonardo Alencar, além do arquiteto Rubens Chaves.

Depois, na administração Aloísio de Campos -1976 a 1980- incentivou a criação e foi o primeiro diretor do Departamento de Cultura e Turismo municipal, que me parece ter sido a primeira instituição pública em Sergipe a cuidar, especificamente, desses assuntos.Nessa gestão a municipalidade construiiu o Bar Meu Refúgio, onde o proprietário Gerson servia um inusitado cardápio de caças e carne de animais como giboias e tatús,oferta hoje condenadas pela correção, mas, naquele tempo, uma estripólia capaz de atrair turistas.

A Galeria Álvaro Santos tornou-se o espaço cultural mais prestigiado da cidade onde interagiam os artistas plásticos e a nata social, potencialmente compradora, inaugurando o mercado de artes em Aracaju. Nos anos 1970/1980 era na Àlvaro Santos, também, onde se reuniam os resistentes à ditadura militar, uma espécie de aparelho boêmio onde se tramavam desde a queda do regime aos amores fortuitos que resultaram em casamentos, como o de Mario Jorge com Marinice e Joao Gama com Aparecida Gama, além de romances tórridos como o de Luiz Antonio Barreto com a bela Zènia, que largou um senador pelo bardo Luiz e sua poesia revolucionária.

Na Universidade Federal de Sergipe, onde chegou a ocupar o cargo de reitor, Alencarzinho e a Madre Albertina criaram o Festival de Artes de São Cristóvão, que ainda pode ser considerado o maior evento cultural realizado em Sergipe, algo grandioso para o amadurecimento da produção artística sergipana e cujos efeitos ainda influenciam a cultura local.

Pois bem! Este relato movido pela gratidão pessoal à atenção que sempre me prestou o professor Alencar, mantendo-me como um seu colaborador assalariado em vários cargos que ocupou, pode carecer de exatidão histórica e, certamente, não alcança a dimensão enorme do homenageado, mas poderá servir para que não nos esqueçamos dos seus feitos.

Amaral Cavalcante- 02/2016. (Foto: Blog do José Vieira)

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