O homem com a maior longevidade após um transplante cardíaco da América do Sul e segundo brasileiro a se submeter a um transplante de coração no Norte/Nordeste morreu, nesta terça-feira (11), em Santana do Mundaú, zona da mata de Alagoas. Francisco Sebastião de Lima, 51 anos, faleceu em casa a menos de um mês do 34º aniversário da operação, realizada no Hospital de Cirurgia, em Aracaju, pela equipe do cirurgião cardíaco José Teles de Mendonça e pelo cardiologista alagoano José Wanderley Neto, que acompanhava o paciente.
Francisco Sebastião de Lima recebeu um novo coração em 1989, quando tinha apenas 17 anos. Francisco morreu em decorrência de um melanoma, um câncer de pele. “O Chico foi o segundo paciente transplantado em Sergipe e no Nordeste. O primeiro foi transplantado em julho de 1986 e foi um marco para Sergipe e para a região. Além do pioneirismo no Norte e Nordeste, fomos o quinto estado brasileiro a fazer transplante de coração”, informa Dr. José Teles. “O Francisco foi nosso ‘mascote’. Foi o primeiro de um programa que consagrou nossa região e fez muito sucesso”.
José Wanderley Neto, que hoje é deputado estadual por Alagoas, em discurso na Assembleia Legislativa daquele estado, relembrou a cirurgia, que foi uma das primeiras realizadas no Brasil. O parlamentar disse que recorda cada detalhe do procedimento. “O Francisco inaugurou os transplantes de uma forma original. O coração que ele recebeu estava em Sergipe e fomos até lá para fazer essa cirurgia”, afirmou o médico.
Segundo o médico e deputado, “a doação do coração aconteceu em Aracaju e nós optamos por não trazê-lo para Maceió, onde o Chico estava internado à espera de uma doação. Decidimos levá-lo até a capital sergipana, onde fizemos o transplante”, detalhou. Na época da cirurgia, o jovem Francisco Sebastião de Lima sofria com a doença de Chagas e o estado dele era considerado gravíssimo.
Câncer
Os primeiros transplantes de coração realizado no Nordeste mudaram a maneira como o país via o exercício da medicina na região e impulsionaram avanços que foram responsáveis por salvar milhares de vidas. Para José Wanderley, a cirurgia foi concretizada graças ao apoio do médico brasileiro Euryclides de Jesus Zerbini, que realizou o 5º transplante de coração do mundo. “Por ironia, Francisco não morreu do coração, mas com a mesma doença que matou o professor Zerbini, que morreu aos 80 anos, em decorrência de melanoma”, afirma José Wanderley.
“O Dr. José Wanderley Neto, meu compadre, sempre esteve comigo nessa empreitada e é cidadão sergipano”, destaca o cardiologista sergipano José Teles, professor da Universidade Federal de Sergipe e um dos pioneiros em cirurgias cardíacas no Brasil.
Marcos Cardoso, com informações do Site Gazeta wWeb (Fotos: Reprodução e arquivo da família)