As cerca de 10 mil famílias assentadas pelo MST em Sergipe produzem uma diversidade de alimentos.“Nos assentamentos é possível encontrar tudo que se procurar. Há gado de corte, pecuária leiteira, pequenos animais, como ovinos e caprinos, aves e culturas anuais, que vêm dando grandes resultados, especialmente o milho. Também se produz hortaliças, verduras, mandioca, macaxeira, batatas, abóbora e fruticultura”, revela o coordenador do MST em Sergipe, deputado federal João Daniel (PT).
Para agregar valor ao que produzem, as famílias assentadas dispõem de pequenas indústrias de beneficiamento de frutas nativas, a exemplo da mangaba e do umbu. Elas também beneficiam mel de abelha. João Daniel revela que boa parte da produção é orgânica, seguindo a linha nacional do MST de defender projetos agroecológicos, inclusive, com a criação de bancos de sementes de variedades. “É importante ressaltar a qualidade dos alimentos produzidos sem agrotóxico”, afirma o parlamentar.
De acordo com João Daniel, além da assistência técnica, capacitação do agricultor e distribuição de sementes selecionadas, também contribuiu para o aumento da produção agrícola nos assentamentos as políticas de preço estabelecidas no Estado. “Antes, o homem do campo temia plantar e não ter a quem vender, ou ter que se submeter aos preços aviltantes praticados pelos intermediários. Isso mudou desde que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estabelece um valor mínimo para os grãos produzidos”.
Para aumentar os lucros, as famílias dos assentamentos do MST estão procurando agregar valor ao que produzem. João Daniel conta que muitas famílias se dedicam hoje a produzir milho para munguzá. Outras contam com empacotadeiras, que garantem a produção de farinha de milho e milho para pipoca.
Produção de leite
Os assentamentos do MST em Sergipe também são fortes produtores de leite, respondendo por 50% dos cerca de 800 mil litros/dia produzidos no sertão sergipano. Segundo o produtor rural e comerciante Erivan Marques, o “Nengo”, as 10 mil pequenas propriedades da região, boa parte delas pertencentes aos assentados, geram 30 mil empregos diretos. “Enquanto o empregado do comércio ganha um salário mínimo, um tirador de leite aqui no sertão fatura R$ 250,00 por semana”, conta um orgulhoso “Nengo”.
Juliana Oliveira de Melo, militante do MST e técnica do Centro de formação em agropecuária Dom José Brandão de Castro (CFAC), explica que em muitos assentamentos, chegou-se a uma etapa interessante, onde agrega-se valor ao produto da roça através um processo de industrialização. É o caso da macaxeira, produzida a vácuo pela cooperativa do assentamento Jacaré-Curituba (região Sertão), do mel do assentamento Vaza Baris, das polpas do assentamento Roseli Nunes (região Sul), do queijo produzido pelo laticínio União, no assentamento Barra da Onça (Sertão).
Por Adiberto de Souza