Até hoje, as mulheres são a maioria na cozinha de casa: enquanto quase 96% delas cozinham, servem a comida e lavam a louça em casa, 62% dos homens fazem a mesma coisa, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quando saem da cozinha de casa para assumir a cozinha de um restaurante, entretanto, o cenário muda de figura e só 7% das cozinhas profissionais dos estabelecimentos mais renomados do país são comandados por mulheres, de acordo com o site especializado “Chef’s Pencil”.
No centro dessa aparente contradição, estão a falta de investimento, de formação ou de incentivo, segundo 100% das mulheres consultadas em uma pesquisa patrocinada pela cervejaria Stella Artois, em parceria com o Instituto Ipsos, divulgada neste mês. Um terço delas acredita que não crescem na profissão por não serem ouvidas pelos chefs homens.
Ganham menos
Ao mesmo tempo em que, em geral, mulheres recebem cerca de 20% menos do que os homens no Brasil, as empreendedoras que desejam atuar em restaurantes percebem que é mais caro para elas do que para eles abrirem o próprio negócio. E os obstáculos dentro da cozinha são maiores também: quase quatro em cada dez entrevistadas concordam que muitas chefs já sofreram assédio moral ou sexual ou foram expostas a situações constrangedoras no trabalho.
Além de lidarem com o assédio no trabalho, algumas delas ainda precisam cumprir dupla jornada, cuidando da casa e família. Esse acúmulo de funções é apontado por 43% dos proprietários ou responsáveis por restaurantes com mais de 20 funcionários como uma barreira para a contratação de mulheres. Quase metade delas buscam algum tipo de profissionalização, mas falta de tempo e dinheiro ficam no caminho.
Fonte: O Tempo (Foto: Regiane Rocha/Senac)