Por Antonio Samarone *
Os brancos chegaram a Itabaiana antes da Conquista de Sergipe, por Cristóvão de Barros (1590). Os franceses já andavam por aquelas bandas. A batalha da Cajaíba é de 1586, onde Luiz de Brito escorraçou os franceses, que por ali se encontravam buscando o valioso Pau Brasil.
Em 1594, sob a sombra da histórica quixabeira, o filho de um soldado francês e uma índia, o menino Simão Dias Frances, foi abandonado embaixo da frondosa arvore, ao lado direito da atual matriz de Santo Antonio.
Quando os primeiros sesmeiros chegaram para ocuparem as terras doadas pela Coroa portuguesa, por volta de 1603, e fundaram o Arraial de Santo Antonio, já encontraram esse menino branco vivendo entre os índios. E a quixabeira já se sobressaia na paisagem.
Os primeiros colonos que chegaram a Itabaiana para fundarem o Arraial de Santo Antonio (1603), foram: Ayres da Rocha Peixoto (1590), e os demais entre 1602 e 1603; Manoel Fonseca, Amaro Lopes (jesuíta), Gaspar Fontes, Francisco da Silveira, João Guergo, Manoel Tomé de Andrade, Francisco Borges e Gonçalo Francisco, Pero de Novaes Sampaio, Duarte Muniz Barreto, Jorge Barreto, Felipe da Costa e Melchior Velho, entre outros.
A família Peixoto, historicamente, é a fundadora de Itabaiana.
Por volta de 1637, com a ocupação holandesa, Simão Dias Frances não aceitou ter o seu gado sequestrado pelas tropas invasoras. Fugiu para as Matas do Caiçá, fundando uma nova povoação que leva o seu nome.
Simão Dias francês viveu em Itabaiana até os 43 anos.
Foi para essa mesma quixabeira, que Santo Antonio fugia da Igreja Velha, no vale fértil e belo do Jacarecica, para a árida caatinga de Ayres da Rocha, onde o padre de São Cristóvão, Sebastião Pedroso de Goes tinha uma propriedade, e queria vende-la a Irmandade da almas.
A história do Santo Antonio Fujão, que segundo o padre interesseiro, não queria a Villa no Vale do Jacarecica, deu certo. Em 09 de julho de 1675, o padre vendeu o sítio, onde hoje é a cidade de Itabaiana, à Irmandade das Almas, a quem pertence até hoje. Por isso, pagamos laudêmios.
Em 1675, viramos freguesia e em 1698, Itabaiana passou de Arraial a Villa, começando o funcionamento regular da Câmara Municipal.
A imagem de Nosso Senhor da Coluna Verde, a única que sobreviveu da Igreja Velha, não se encontra há muito tempo em Itabaiana. Precisa ser resgatada. Ela é parte da nossa história. Onde essa imagem se encontra?
Lenda, mito, história, a Quixabeira existiu e só foi cortada na segunda metade do Século XIX. O intelectual Vladimir Souza Carvalho, Desembargador Federal, conta em seu clássico “Santas Almas de Itabaiana Grande”, que as raízes da centenária quixabeira ainda eram vistas em meados do século XX.
Antes da Pandemia, com a iniciativa do engenheiro e trilheiro Ancelmo Rocha, recriamos os caminhos de Santo Antonio Fujão, belíssimo, com a presença do prefeito à época, Valmir de Francisquinho.
Em 2018, plantamos a quixabeira no mesmo lugar histórico, ao lado direito da Matriz de Santo Antonio! Quando a quixabeira começou a crescer, já estava bonita, tomando forma, um jardineiro desinformado passou a foice na história.
A trilha esse ano será no dia 11 de junho e, na chegada, replantaremos no lugar onde a quixabeira estava em 1600, uma nova quixabeira. A quixabeira será replantads tantas vezes forem necessárias.
Fica o convite: vamos replantar a quixabeira!
Que Deus proteja a nossa cultura, a nossa memória e a nossa história. Eu ainda tenho esperança em chupar dessas quixabas.
É médico sanitarista.