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Natureza contra a dor do câncer

A pesquisadora Adriana Gibara está fazendo experiência com o alecrim-de-tabuleiro encontrado no semiárido

Mais de 11 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer a cada ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A dor corresponde a um dos sintomas mais comuns e angustiante vivenciado por cerca de 50 a 90% dos pacientes com câncer. Visando buscar uma alternativa fitoterápica para amenizar a dor, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) está realizando estudos com o p-cimeno, composto volátil presente no alecrim-de-tabuleiro, encontrado no semiárido sergipano.

A pesquisa é coordenada pela doutora em Ciências da Saúde, professora Adriana Gibara Guimarães. Há um ano e meio ela vem desenvolvendo a pesquisa, fruto do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE).  A professora Adriana Gibara explica que o câncer é uma patologia em ascendência por diversos fatores: hábitos alimentares, tabagismo, estresse, sedentarismo, e envelhecimento populacional. Uma das consequências mais temidas pelos pacientes diagnosticados com a doença é a dor crônica.

“Existe uma estimativa de que 80% dos pacientes com câncer apresentam dor crônica intensa. Dependendo do nível, a dor é tratada através de medicamentos específicos. No caso da dor intensa, os medicamentos mais utilizados são os analgésicos opióides, como a morfina. Porém este medicamento traz sérios efeitos colaterais como a constipação, vertigens, náuseas, dificuldade de respirar, dependência e hiperalgésica, que corresponde ao aumento da sensibilidade à estímulos dolorosos, dificultando o tratamento. Como a dor é intensa e complexa, diversos estudos tentam entender o mecanismo fisiopatológico na busca de novas terapias”, detalha a pesquisadora.

Tratamento alternativo

A professora Adriana Gibara destaca que grande parte das modalidades de tratamentos utilizadas contra câncer pode causar dor, como a quimioterapia, radioterapia e procedimentos cirúrgicos. Com objetivo de amenizar essa dor, estudos estão sendo realizados com o p-Cimeno, um dos três principais constituintes do óleo essencial da Lippia gracilis, popularmente conhecida como alecrim-de-tabuleiro.

“Nosso projeto busca estudar a molécula “p-cimeno”, um hidrocarboneto aromático presente  em óleos essenciais de diversas espécies aromáticas, inclusive muitas encontradas no estado, como por exemplo, o alecrim-de-tabuleiro. Em estudos preliminares, observamos que este composto é capaz de reduzir a resposta dolorosa em animais com câncer, sem apresentar sinais de toxicidade”, explica.

A professora Adriana Gibara ainda acrescenta que para o medicamento chegar ao mercado, é necessário mais estudos.“Para desenvolver um novo medicamento devem ser realizados mais estudos para identificar se esta molécula causa danos à saúde humana e elucidar o seu mecanismo de ação, o que em geral levaria no mínimo mais uns 10 anos de pesquisas, até a comercialização em uma forma farmacêutica para administração oral”.

Texto e foto: Ascom/Fapitec/SE

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