O vai e vem das águas do rio Sergipe anunciam a chegada dos barcos de pesca na área em frente aos mercados municipais de Aracaju. Constantemente, embarcações e seus pescadores, que navegam em busca de sustento e contemplação, retornam a capital sergipana com a esperança de dias cada vez melhores. Em um dos barcos está Genilson Dias, que, para manter a família, abre mão de dias em terra firme e dedica-se há 21 anos a uma arte que só quem se entrega à vida no mar entende.
“É um trabalho digno e gosto do que faço. A gente passa 15 dias no mar e seis dias em casa. É uma profissão que muita gente não dá valor, mas quem é pescador sim, pois dá prazer. Trabalhando no mar, pelo menos sabemos que vamos receber logo e quem trabalha em outro lugar às vezes aguarda um tempo para ganhar”, relatou o pescador.
A poucos metros do local onde Genilson e outros pescadores atracam os barcos, trabalhadores e máquinas constroem, estaca após estaca, o Terminal Pesqueiro Público de Aracaju. A obra, erguida pelo Governo do Estado e orçada em R$ 14 milhões, é sonho de mais de 12 mil pescadores presentes em 27 colônias sergipanas. O local servirá como centro de comercialização de peixes e frutos do mar, oferecerá alimentos conservados em espaço limpo e refrigerado, e facilitará o acesso de consumidores.
Para Genilson, o Terminal nada mais é que um porto seguro, onde ele pode confiar sua carga e depositar a esperança de obter uma renda melhor. “Um local desses favorece muito a capital e todos os interiores. A gente espera que a situação melhore para gente, pois aqui [no atracador provisório] não temos comprador certo para vender. E quando houver o Terminal, pode ser que algumas fábricas de fora comprem nosso camarão. Assim daria uma renda melhor para gente e valorizaria o pescado”, declarou Genilson.
A limpeza e organização são algumas das vantagens que a conselheira fiscal da Colônia de Pescadores Z1, Rosa Clélia Lima, vislumbra com relação ao centro de pesca. “O Terminal é um avanço e uma conquista para os pescadores e colônias que correram atrás desse local. Imagino que o acesso para ancoragem da embarcação vai ser facilitado, e que nós e os consumidores teremos acesso direto ao pescado. Vai dar gosto trabalhar em um lugar assim, limpo e organizado, e que trará benefícios enormes para a população”, enfatizou.
Com área total de 1.256 m², o Terminal Pesqueiro Público de Aracaju é erguido na avenida Otoniel Dórea, em frente ao Mercado Antônio Franco, e conta com recursos provenientes do Governo Federal. De acordo com o diretor técnico da Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas (Cehop), Howard Lima, os pescadores terão acesso à cais de atracação com 632 m², além de áreas para recepção, seleção, beneficiamento e comercialização dos produtos, espaço para armazenamento de gelo e câmaras frigoríficas.
O secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, explica que além do benefício econômico, o terminal também será um ponto turístico, por estar em uma área de referência na capital. “Vai passar a ser um dos prédios mais bonitos do Centro, ficando dentro de uma paisagem urbana e valorizando ainda mais nossa cidade. Além, disso, o lugar também tem um peso extraordinário por ser o único ponto no estado que vai receber pescados com todas as condições higiênicas e sanitárias exigidas pelo Ministério da Agricultura”.
A concentração da produção de pescado no Terminal Pesqueiro vai proporcionar ainda, segundo Esmeraldo, o controle da quantidade produzida em Sergipe. “Teremos condições de organizar melhor a produção de peixe do estado, que é muito grande, e conseguiremos transformar isso em números para mostrar a força da piscicultura no estado”, concluiu o secretário.
O centro de produção e comercialização de pescados tem projeto pensado para proporcionar mobilidade para pessoas com deficiência e, dentre as dependências, apresenta sala de higienização de equipamentos, depósito, recepção e controle; espaço administrativo com lobby, lanchonete, cozinha, sala de reunião, salas administrativas, e câmara de espera.
Fonte e foto: ANS