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O fascismo tem raízes no Brasil

Por Antonio Samarone *

A polêmica se a extrema direita bolsonarista é ou não fascista, é acadêmica, puro exercício de erudição e retórica.

Tentar fazer comparativos entre os fascismos europeus da primeira metade do século XX, com a fascismo atual, para encontrar semelhanças e diferenças, não é suficiente para entender a realidade.

O fascismo é um conceito filosófico, político e ideológico mutante, se adapta às formações sociais em seu processo de mudanças. O fascismo era nacionalista, hoje é neoliberal, sem deixar de ser fascismo. É um neofascismo, se quiserem!

A violência e a exclusão dos “fascismos” são as mesmas! As metodologias nominalistas do positivismo são pobres para as análises dos conceitos políticos.

Achar que a China não é comunista por conviver com o mercado, não se enquadrar no Manifesto de Marx e Engels e não obedecer a doutrina comunista do século XIX, é uma cegueira formalista.

A China está criando uma sociedade comunista diferente, dentro da realidade do século XXI. Diferente do comunismo soviético e de outros comunismos.

No Brasil o Fascismo tem raízes históricas. O Integralismo de Plínio Salgado era diferente do fascismo de Mussolini, mas era fascismo. O integralismo tinha bases sociais, sobretudo na classe média. A ditadura militar de 1964 teve uma base civil de apoio.

O fascismo bolsonarista tem bases milicianas e populares. Mesmo perdendo as eleições, a extrema direita brasileira não será derrotada. Ela fará um cerco político a um novo governo Lula.

No Brasil, a esquerda anticapitalista morreu. A atual juventude rebelde, indignada e revolucionária migrou para as lutas identitárias. O socialismo saiu do horizonte, mesmo a longo prazo.

A frente ampla em torno de Lula move-se pelo medo do fim da democracia. Que democracia? Não aspira mudanças estruturais, pretende apenas dar uma face humana ao neoliberalismo, como na experiência anterior.

Votarei em Lula no primeiro turno, mas não me peçam entusiasmo.

* É médico sanitarista

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