Por Antonio Samarone *
Cientistas políticos, jornalistas especializados e palpiteiros em geral tem quebrado a cabeça para explicar o fenômeno Valmir de Francisquinho. Cada um diz uma coisa. Nada consistente.
O fato é que Valmir caiu nas graças do povo. Numa época em que o eleitor desconfia dos políticos, fala mal de quase todos, diz que são farinha do mesmo saco, embusteiros e que só aparecem em tempo de eleição.
Valmir se tornou a vingança do povo contra os políticos.
Os Gregos acreditavam que a sorte era uma dádiva divina, distribuída por uma deusa chamada Fortuna. Ela distribuía aleatoriamente a sorte entre os humanos, de forma caprichosa, ao seu modo. Perdemos a crença na deusa Fortuna, não significando obrigatoriamente que ela deixasse de existir.
Os letrados não acreditam em sorte e azar, no máximo, acreditam no acaso. O pensamento científico trabalha com a noção de probabilidade estatística. Os cristãos acreditam nas Graças de Deus. As ciências sociais, com as suas diversas metodologias, acreditam no saber acadêmico.
Eu, suspeito que a deusa Fortuna não morreu.
O velho Maquiavel ensinava que a vitória dos Príncipes dependia da deusa Fortuna, do bafejar dessa deusa, que ora dar e ora tira a sorte dos Príncipes. Acho que Maquiavel sabia o que estava dizendo. Ele achava também que a “Virtú”, isto é, a competência e o talento, ajudavam na vitória.
Não há dúvidas, que nessas eleições a deusa Fortuna escolheu Valmir. Numa metáfora rural, o cavalo selado passou em sua porta e ele montou. Os seus adversários lutam para derrubá-lo no tapetão, pois no voto está difícil.
Os velhos políticos em Sergipe estão usando de tudo para impedirem a candidatura de Valmir. Ninguém os subestime, eles são poderosos. Uma velha raposa da política sergipana, me disse convicto: “Valmir não será candidato! Dinheiro só não resolve quando é pouco.”
A Justiça sendo cega, acredita no que lhe dizem. A denúncia é que Valmir em 2018, pintou um povoado de azul, para ajudar a eleição do seu filho. Isso não pode ficar por isso mesmo, vamos cassá-lo, dizem os donos do poder.
A condição humana é perversa: ao mesmo tempo que Valmir saboreia a maior glória de um político, ser amado pelo povo; por outro lado, Valmir padece de uma ansiedade devastadora, ficar esperando uma decisão imprevisível e incerta.
* É médico sanitarista