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O tesouro de Santo Antônio

Por Antônio Samarone *

Eu tinha uma vaga lembrança dos cálices de ouro da Matriz de Antônio, em Itabaiana. Existia um grande sacrário, castiçais, bandejas, tudo em ouro maciço. Até um par de alpargatas em ouro, número 40, o tamanho do pé do Santo.

O tesouro foi doado a Santo Antônio, pelos jesuítas da Serra da Cajaíba, quando da sua expulsão do Brasil. O tesouro não é da Paróquia, é de Santo Antônio.

Em 1857, o Papa Pio IX, mandou um cofre especial para a Diocese de Itabaiana, visando colocar o tesouro de Santo Antônio em segurança.

(Clique na imagem para ampliar)

O cofre existe e está bem guardado.

A última pessoa, fora da hierarquia eclesial, a ver esse cofre aberto, foi a beata Zalmor, nos tempos do Padre Arthur. Ela morreu guardando o segredo do que viu.

O cofre travou já faz muito tempo. Não abre! Ninguém sabe o segredo, ou se sabe não informa.

Pulga de Cós já morreu. Era o único Itabaianense que sabia abrir qualquer cofre. Conhecia todos os segredos.

Conta-se que certa feita o cofre de Mané de Zeca dos Peixes enguiçou. Ele chamou Pulga para abrir. Em menos de cinco minutos o cofre estava aberto. Pulga encostou o ouvido, rodou prá cá, rodou prá lá, pimba, o cofre abriu.

Mané perguntou: quanto foi o serviço? Pulga não titubeou: cinco mil cruzeiros. Endoidou, reagiu Mané esbaforido: cinco mil? Um serviço que o senhor não levou cinco minutos. Não pago!

Pulga de Cós não esquentou, então eu fecho o cofre, e fechou.

Mané perdeu a calma, NÂO! Eu preciso do cofre aberto. Agora é tarde, resmungou Pulga de Cós.

Mané de Zeca dos Peixes, na necessidade, aceitou pagar o a dinheirama cobrada. Abra, pode abrir que eu pago.

Pulga de Cós, com a calma tradicional, foi taxativo: agora é dez mil cruzeiros. Cinco da primeira abertura e mais cinco para eu abrir novamente.

Mané teve que pagar. Precisava do cofre aberto.

Se eu soubesse quem sabe abrir cofres antigos, travados, valia a pena pagar, seja lá quanto for, para abrir o cofre de Santo Antônio. Eu acredito que a lenda do carneiro de ouro encontrado na Serra de Itabaiana, por Belchior Dias Morrea, é verdadeira.

Quem sabe lá se esse carneiro de ouro não está guardado nesse cofre de Santo Antônio.

Fotografei só o cofre, despistando a sua localização. Esses gatunos modernos, do crime organizado, já usam a inteligência artificial. Se souberem onde o cofre se encontram, levam o ouro em 15 dias.

Roubaram a taça Jules Rimet, que estava guardada no cofre do Banco Central, imagine o tesouro de Santo Antônio, em Itabaiana.

* É médico sanitarista.

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