Por Raquel Almeida *
Você sabia que o WhatsApp é uma das principais redes sociais de discussão e troca de notícias no Brasil? Um relatório de Notícias Digitais do Instituto Reuters (Reuters Institute Digital News Report) de 2020 aponta que 48% dos brasileiros que participaram da pesquisa usam o WhatsApp como fonte de notícias – perdendo apenas para o Facebook. O número muito superior se comparado a países como Reino Unido (7%), Canadá (6%) e Estados Unidos (4%).
Outra pesquisa desenvolvida no ano passado pela Infobip mostra que 82% dos pesquisados utilizam o WhatsApp para busca de informações. De acordo com os dados, as transformações digitais e a pandemia de Covid-19 fizeram com que os aplicativos de mensagens ganhassem cada vez mais espaço entre os usuários.
É claro que, como jornalista, vejo esses dados de forma extremamente preocupante. E, não só pelo fato de veículos de comunicações confiáveis estarem sendo afetados de diversas maneiras por esta gama de informações, mas principalmente pela grande quantidade de fake news disparadas nestes aplicativos.
Notícias falsas tendem a viralizar e fotos, áudios e vídeos podem ser editados para enganar o leitor. Mesmo que uma mensagem falsa seja compartilhada muitas vezes, isso não significa que ela seja verdadeira. Temos como exemplo a enxurrada de fake news disparadas nas eleições de 2018 e, recentemente, na pandemia.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou que 73,7% das informações e notícias falsas sobre o novo coronavírus circularam pelo WhatsApp.
O leitor pode receber uma matéria com link de um site de notícias, mas o link pode ser falso e/ou a página (homepage) da notícia também. Se a pessoa se deu o trabalho de fazer uma página fake, imagine o quanto lhe é fácil fazer um texto também.
Os grupos de WhatsApp se apelidaram de grupo de notícias, mas não passam de grupos com resumo de links de diversos portais de notícias do país. Alguns links verdadeiros, outros falsos, alguns portais tendenciosos, sem contar com os robôs e material feito exclusivamente para induzir o leitor a alguma ideia ou compra.
Além de procurar veículos de comunicação de credibilidade para se informar, procure mais de um. Cada mídia tem uma linha editorial, seja ela mais de direita ou esquerda. Então, se você ler a mesma informação em veículos de comunicação sérios e diferentes, vai perceber que a linguagem é específica, mas os dados devem ser iguais, pois o jornalista daquele veículo apurou a notícia antes de publicar.
Uma outra forma de descobrir se a notícia é falsa é conferir a data da publicação. Uma notícia real, porém, antiga, pode causar pânico ou criar expectativas sobre alguma situação já controlada. É comum receber também nesses grupos fotos de acidentes ou crimes de outra data ou outros estados se passando como atuais e locais, criando medo entre os integrantes e fazendo com que viralize rapidamente.
E o mais importante, não passe adiante informações via WhatsApp sem checar antes, pois além de você estar fazendo um desserviço a Comunicação, você pode responder judicialmente por isto. Isso mesmo, além das regulamentações impostas no Marco Regulatório da Internet e no nosso Código Civil, já existem decisões de que divulgar print de conversa de WhatsApp, sem consentimento, geraram indenizações.
Também existem sites de verificação de informações. Segue alguns gratuitos: Agência Lupa, Fato ou Fake, Projeto Comprova e E-Farsas. E visando diminuir o número de fake news, o próprio WhatsApp fez parcerias com serviços de checagem de fatos. O app possui parcerias no Brasil com Agência Lupa, Aos Fatos, Estadão Verifica e AFP Checamos, que são auditadas pela International Fact-Checking Network (IFCN).
Se o próprio WhatsApp está “cuidando” das fake News, por que você não deve se precaver também?
Então fique esperto. Sugiro que utilize o aplicativo para se comunicar e se informe por outros meios.
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* É jornalista, assessora de comunicação, social media e editora experiente. Mais de 20 anos trabalhando na área de Comunicação, dentre eles 14 anos como editora do Portal Infonet. Especializada em Comunicação Digital, Web Jornalismo, Novas Mídias e EAD.