Abundante em diversas partes do país, a planta pimenta-de-macaco é apontada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como matéria-prima para um inseticida útil no controle de diversas pragas agrícolas. Segundo os pesquisadores, a planta – chamada de Piper aduncumL pela literatura científica – é rica em uma substância muito utilizada por diversos setores industriais agro-químicos e farmacêuticos: o dilapiol.
Em cultivos de abacaxi, reduziu em 87% os ataques da broca-dos-frutos e em 70% a presença do percevejo, resultados que confirmam a eficiência do produto como inseticida natural”, exemplifica o pesquisador da Embrapa no Acre, Murilo Fazolin, responsável pelos estudos que há 20 anos vêm sendo desenvolvidos pela empresa pública. O inseticida botânico foi eficaz também para o controle da lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e do psilídio-dos-citros (Diaphorina citri), inseto que transmite a bactéria Candidatus Liberibacter, causadora do Greening – a principal doença da citricultura.
Tóxica para insetos
Segundo o pesquisador, um dos primeiros indícios de que a planta era tóxica para insetos e pragas surgiu quando identificaram que, quando mais adulta, a planta não sofria ataque de lagartas. “Até o terceiro mês pimenta-de-macaco costuma sofrer ataque de lagartas. Vimos que, a partir daí, quando ela provavelmente já começa a produzir dilapiol, esses ataques encerraram. Isso foi um indício de que ela era tóxica a insetos e pragas”, disse ele.
Diante dessa constatação, a Embrapa começou a selecionar espécies da planta que continham concentrações diferenciadas de compostos, na relação com o dilapiol. “Avançamos nas pesquisas e ampliamos o foco para o controle de pragas agrícolas e pecuárias, como, por exemplo, os carrapatos de boi”.
Fazolin explica que, entre os efeitos causados pelo dilapiol está o de inibir, nas pragas, a produção de enzimas que ajudam a eliminar compostos tóxicos de seu organismo por meio da urina e das fezes. “Ela altera o poder desses organismos para se desintoxicarem porque atua no sistema imunológico, bloqueando sua autodefesa”, resume o pesquisador.
Inofensiva ao meio ambiente
Outra vantagem do uso do dilapiol extraído da planta pimenta-de-macaco está relacionada ao fato de se tratar de uma substância natural que se degrada facilmente no ambiente, sem oferecer riscos à saúde humana e sem causar danos ao solo e aos cursos d´água. “Isso viabiliza a oferta de inseticidas de baixo impacto ambiental, capazes de contribuir para a sustentabilidade das cadeias produtivas de alimentos”, acrescenta o pesquisador.
Fonte e foto: Agência Brasil