Faz dois meses que a varíola do macaco (monkeypox) chegou ao Brasil, e praticamente todos os exames que confirmaram os mais de 2.300 casos foram feitos em apenas quatro laboratórios do SUS. Até hoje, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não incluiu esse teste no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, o que o mantém fora da cobertura dos planos de saúde.
A Agência justifica que “o oferecimento do referido teste diagnóstico na rede privada de saúde ainda é incipiente” e que muitos dos kits ainda precisam ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alguns laboratórios privados já oferecem o exame para detecção do vírus monkeypox, mediante solicitação médica, mas o procedimento chega a custar entre R$ 500 e R$ 650 (a depender do prazo de entrega do resultado).
Um grande número de beneficiários de planos de saúde poderia realizar o exame na rede privada, mas não há interesse do setor em assumir mais essa despesa, na avaliação do advogado José Luiz de Oliveira Jr., sócio do escritório O&S Advogados. “O SUS precisa ser defendido, mas ele realmente está abarrotado e está realizando um serviço que poderia ser equalizado com as empresas [de planos de saúde]”, afirma.
Ele entende que a demora da ANS em incluir o exame no rol de procedimentos beneficia somente as operadoras de planos de saúde e diz que seria importante que a agência reguladora estivesse alinhada com as necessidades dos consumidores. A lentidão da ANS vai na contramão da proposta defendida no fim de semana pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de ampliar a rede de testagem.
Fonte: Portal R7