Nos últimos dois meses, a Polícia sergipana matou 10 suspeitos que resolveram encarar o braço armado do Estado. O último a perder a vida em troca de tiros com a Polícia foi Ancelmo Santos, fuzilado ontem (29) pela Guarnição Leão II, no bairro Coroa do Meio, em Aracaju. Felizmente, nesses confrontos apenas um policial foi alcançado de raspão pelos tiros dos marginais, a maioria acusada de latrocínio, tráfico de drogas e assaltos. Chama a atenção o fato de a pontaria dos agentes da Lei ter melhorado sensivelmente depois do frio assassinato do sargento PM Sílvio Diógenes dos Santos, ocorrido na noite de 17 de novembro passado.
Menos de 24 horas depois da morte do sargento, ferido mortalmente quando assistia um jogo de futebol num bar de Aracaju, os dois responsáveis pelo crime foram abatidos no conjunto residencial Bugio. Segundo a versão dos policiais, ao receberem voz de prisão os criminosos começaram a atirar contra a corporação usando, inclusive, a pistola que roubaram do sargento Sílvio Diógenes. Na troca tiros, os foras da lei tombaram crivados de bala.
No dia 20 de novembro, outros dois assaltantes de banco foram mortos ao confrontarem uma guarnição da Polícia Militar. A troca de tiros ocorreu em Laranjeiras, após os bandidos terem arrombado uma agência do Banco do Estado de Sergipe, em Riachuelo. Uma das armas usada pelos criminosos era o revolver que eles haviam tomado, horas antes, do vigilante do Banese. Um terceiro assaltante foi preso sem ferimentos e confirmou a ousadia dos comparsas.
Outro que não se deu bem foi Breno Messias Cruz dos Santos, fugitivo da Penitenciária de Nossa Senhora da Glória. Localizado em Carira, o bandido deu a testa à Polícia e morreu fuzilado. O também foragido José Acácio Andrade preferiu se entregar e foi recambiado para o presídio, de ontem havia fugido, no dia 20 de agosto, com outros 20 condenados. A fuga resultou no assassinato do agente prisional Antônio Nascimento Nogueira, de 49 anos.
Satanás se deu mal
Com apenas 18 anos de idade, André Luiz Tavares dos Santos, vulgo ‘Satanás’, era o terror da Grande Aracaju. Acusado de matar suas vítimas e arrombar o comércio de Socorro, o jovem criminoso foi localizado pela Polícia no conjunto residencial Marcos Freire II e não atendeu a ordem para se render. Preferiu enfrentar a guarnição policial, mas terminou crivado de balas. Na troca de tiros, um policial do Núcleo de Inteligência do Getam foi atingido de raspão no rosto, próximo ao olho direito, mas recebeu atendimento médico e ficou bem.
No último dia 9, após assaltarem um ponto Banese em Arauá, dois bandidos fugiram em uma motocicleta e foram perseguidos pela Polícia Militar. Ao perceberem que estavam sendo alcançados começaram a atirar, tendo um deles sido baleado e caído morto. O outro chegou a ser atingido por um tiro, mas conseguiu fugir pelo mato. A motocicleta que os dois utilizaram tinha placa adulterada. Até hoje a Polícia não conseguiu prender o segundo assaltante.
Outro que não se deu bem foi o ladrão de carros Luan Roberto Santos Silva. Ele e o comparsa José Wellington Gomes foram localizados pela Polícia na madrugada do dia 30 de novembro, em Rosário do Catete. Um se rendeu, mas Luan preferiu ir para o confronto e perdeu a vida após ser ferido a tiros pelos policiais militares.
Morte no trevo
Tiago Marques da Conceição, 23 anos, também não teve sorte ao decidir enfrentar a Polícia. No dia 21 passado, o arrombador de lojas comerciais na zona sul de Sergipe foi localizado pelos agentes da lei, mas decidiu não acatar a ordem de prisão. Sacou a pistola e começou a atirar, tendo sido alvejado pelos policiais civis sob o comando do delegado de Umbaúba, Paulo Cristiano Alves Ricarte. A fatídica troca de tiros aconteceu na BR 101, no trevo de acesso a SE-488 que leva ao município de Indiaroba.
De novembro até agora, algumas dezenas de suspeitos foram presos e se encontram à disposição da Justiça, enquanto centenas de outros continuam aterrorizando os sergipanos. Fortemente armados e cada vez mais destemidos, estes foras da lei agem em todo o Estado. Quando encurralados pela Polícia tentam abrir caminho no tiro e terminam levando a pior. A sociedade não quer que se faça justiça com as próprias mãos, mas também não concebe que o braço armado do Estado revide à ousadia dos criminosos com inofensivas balas de hortelã.
Por Adiberto de Souza