Policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos (Derof) cumpriram, nesta quinta-feira (25), um mandado de busca e apreensão no apartamento da jornalista Gleice Queiroz, localizado em um condomínio do bairro Jabotiana, em Aracaju. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a operação fez parte das investigações sobre possível furto de equipamentos da Secretaria Estadual da Educação e Cultura quando a comunicadora era diretora de comunicação.
Profissionais de comunicação se manifestaram em apoio à Gleice Queiroz que, através das redes sociais, faz dura oposição à política educacional do governo Flávio Mitidieri (PSD). O jornalista Wendal Carmo se solidarizou com a colega, “alvo de uma operação da Polícia Civil de Sergipe com único objetivo de intimidá-la. Usaram até helicóptero oficial, num círculo midiático fajuto, como se ela fosse uma traficante procurada internacionalmente. Lamentável!”, escreveu.
A Diretoria de Comnunicação da SSP/SE desmentiu a informação de que a operação contou com o apoio do helicóptero do Grupamento Tático Aéreo (GTA). Também revelou que não pode fornecer maiores informaçõ4es sobre a busca e apreensão para não atrapalhar as investigações. Até o momento, a jornalista Gleice Queiroz não se manifestou sobre o caso.
Reação da sociedade
O professor e sindicalista Joel Almeida também reagiu contra a busca e apreensão na casa da jornalista: “Gente que absurdo isso. Fábio Mitidieri usando a polícia pra intimidar uma jornalista. Segundo consta, a própria Seed já tinha desistido do processo. É preciso uma ação urgente da sociedsde civil . Hoje foi Gleice, amanhã pode ser qualquer um que faça críticas substanciadas. Minha solidariedade a Gleice”, escreveu.
A professora e ex-deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT) afirmou ser preciso contratar “um advogado criminalista para liberar os instrumentos de trabalho de Gleice. Estamos vivendo a sociedade dos ABSURDOS! Estado Democrático precisa ser respeitado”, alertou.
O jornalista e vereador por Aracaju Ricardo Marques (Cidadania) também prestou “solidariedade à colega Gleice Queiroz. Procurei a Secretaria da Segurança Pújblica de Sergipe para buscar informações. Estive na delegacia que está investigando o caso e lamento muito toda essa situação. Como jornalista irei acompanhar para que ela tenha todas as garantias de defesa”, escreveu.
Sergipe não é um império
Sobre a busca e apreensão na casa de Gleice Queiroz, o internauta Ailton Aragão postou o seguinte no WhatSapp: “Os profissionais do jornalismo devem ser livres e serem respeitados. Cabe a quem está no poder ou no comando de órgãos público aceitar as críticas e procurar melhor atender as necessidades do povo. Vivemos numa democracia. Cedo ou tarde vai ocorrer a alternância de poder. Sergipe não é um Império”, escreveu.
Nota da CUT
“Enxergamos como extremamente grave e um ataque à liberdade de imprensa o ocorrido na manhã de hoje, quando a polícia esteve na residência da jornalista Gleice Queiroz e apreendeu seu aparelho tefefônico e equipamentos de trabalho. A jornalista desde o início do ano passado tem feito denúncias e duras críticas ao governo Fabio Mitidieri. E agora a polícia bate à porta da profissional da Comunicação.
Não podemos tolerar que profissionais da Comunicação sejam intimidados, sejam por ações policiais ou por processos judiciais, por estarem cumprindo o seu papel de denúncia e de crítica aos gestores. É preciso lembrar que o jornalismo livre é um dos pilares da democracia.
Por isso, reiteramos a nossa solidariedade à jornalista Gleice Queiroz.
Central Única dos Trabalhadores de Sergipe
Aracaju, 25 de janeiro de 2024″.
Presidente do PT reage
O deputado federal João Daniel, presidente do PT em Sergipe, também se posicionou sobre a busca e apreensão na casa da jornalista. Veja abaixo:
“Recebi com muito espanto a notícia da operação policial contra a jornalista Gleice Queiroz.
Gleice tem sido uma comunicadora crítica e denunciativa do Governo de Sergipe, apontando os erros e exercendo a função jornalística de fiscalização dos recursos públicos.
É lamentável que um inquérito, que já estava arquivado por falta de materialidade, agora tenha sido reaberto a partir de uma operação com tons midiáticos e sem qualquer chance de defesa da jornalista, já que esta teve seu principal instrumento de trabalho, o aparelho celular, apreendido pela Polícia.
A SSP precisa mostrar a materialidade das provas que levaram uma das jornalistas que mais combatem as falhas do seu governo a ser alvo de um procedimento tão rigoroso”.
Nota da Polícia
“A Polícia Civil informa que o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), por meio da Delegacia de Roubos e Furtos (Derof), cumpriu mandado de busca e apreensão em um apartamento localizado no bairro Jabotiana, residência de uma jornalista.
A decisão judicial nada tem a ver com a função da jornalista, mas sim está relacionada à investigação sobre o desaparecimento de equipamentos na sede da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) entre o fim de 2022 e início de 2023.
Com base em investigação técnica, profissional e com trabalho de inteligência, a Polícia Civil identificou que alguns equipamentos poderiam estar na residência da jornalista. Diante dessa informação, o Depatri solicitou mandado de busca e apreensão.
Na ação de cumprimento de mandado de busca e apreensão, foram apreendidos três itens – um iPhone, um notebook e um fone de ouvido. Os equipamentos apreendidos tinham os mesmos números de série informados em boletim de ocorrência, após desaparecem.
A Polícia Civil esclarece que é falsa a informação de que um helicóptero teria sido utilizado na ação de cumprimento de mandado de busca e apreensão.
A Polícia Civil reforça que a decisão judicial solicitada pelo Depatri nada tem a ver com a atuação no campo do jornalismo. A instituição reforça o comprometimento com a liberdade de imprensa, que é direito constitucional e defendida pela Polícia Civil.
Acrescenta ainda que está à disposição de advogados para esclarecer qualquer ponto acerca da investigação que transcorre no Depatri”.
Foto: SSP-SE
2 Comments
Tal operação se configura como um absurdo inaceitável. Gleice Queiroz tem sido combativa contra ações absurdas e inapropriadas do governo, o que explica a execrável perseguição. Temos um governo que não tolera oposição por não ter argumentos. Simples assim.
Sim ,esses produtos apreendidos com números idênticos com o informado no ato do furto lá secretaria ,como a jornalista vai explicar isso aí .
A polícia diz que encontrou no apto dela