É visível a omissão das autoridades ambientais sobre a poluição do Rio Sergipe. Causou um vergonhoso jogo de empurrar, o aparecimento de uma língua negra que, vinda do Tramandaí, lança uma grande quantidade de dejetos no maltratado estuário do Sergipe, ali no luxuoso bairro Coroa do Meio, em Aracaju. A Administração Estadual do Meio Ambiente diz que o problema não é dela, a Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju insinua que a culpa é da Deso e esta afirma que não tem nada com a língua negra.
É lastimável a fala de interesse em socorrer este importante corpo d´água que, antes de desaguar no Oceano Atlântico, passa por 26 municípios, beneficiando cerca de um milhão de sergipanos, o que corresponde a 56,6% da população do Estado. Ao longo do percurso, 16 outros rios e vários riachos vão lançando suas águas na calha principal do rio Sergipe.
Essa bacia drena 16,7% do Estado. A criação do dia do rio Sergipe partiu de um projeto de lei da deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT), em 2004. A partir daí, começou a ser discutida uma data significativa, que chamasse a atenção da sociedade e das autoridades para a problemática enfrentada pelo rio. Especialistas descobriram que em 3 de novembro, no início do século XX, o rio foi reconhecido como sergipano e que banhava a capital.
Segundo Osmário Santos, coordenador da Frente em Defesa das Águas de Sergipe, apesar de todas as ações educativas e chamados de alerta, a poluição no rio Sergipe não tem diminuído nos últimos anos. “Um dos grandes motivos da poluição é que o lixo continua sendo jogado nos canais, manguezais e rios. É algo assustador. Já encontramos até guarda-roupas e televisores. E também tem a falta de esgoto sanitário”, alerta Osmário.
Ações do governo
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê mais de R$ 303 milhões no esgotamento sanitário da Grande Aracaju, que passaria o volume de esgoto tratado de 34% para 65%. Em Aracaju, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro estão sendo executadas obras que prometem ampliar a oferta de água e o atendimento dos serviços de esgotamento sanitário para uma parte significativa da população até 2010. Já o Programa Águas de Sergipe, orçado em US$ 117 milhões a serem financiados pelo Banco Mundial, pretende fortalecer as políticas públicas voltadas para o meio ambiente e contribuir para a revitalização da bacia do rio Sergipe.
Rio Poxim
O rio Poxim, cujo ponto de confluência é próximo à embocadura do Rio Sergipe, forma com este o estuário no qual está assentada a cidade de Aracaju. Desde 1958 tem sido uma das fontes de suprimento de água para Aracaju. Ele é hoje uma das mais relevantes preocupações hídricas do governo do estado, respondendo por 20,10% da demanda de água da capital.
Segundo estudos da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), o Rio Poxim é o mais poluído do Estado. A sujeira é tanta que todas as praias que recebem a água desse rio são consideradas impróprias para o banho. Ele percorre vários bairros da capital sergipana, onde a maioria não possui uma rede de saneamento correta, e todos os dejetos que saem das casas, sejam eles orgânicos ou artificiais, são jogados diretamente no Poxim.
O Conjunto residencial Beira Rio, no Bairro Inácio Barbosa, há muito tempo era um dos mais prejudicados pela poluição do rio. O mau cheiro de tudo que o rio trazia em seu trajeto incomodava toda a população. Mas segundo o morador Odyr da Costa, a situação do rio tem mudado e o mau cheiro não é mais problema, já que fizeram uma nova rede de esgoto. Já no cais próximo a sua casa, o morador Fernando Dantas, que pescava no Rio Poxim, relatou: “Estou aqui só para passar o tempo, esse é um rio quase morto, só consigo pegar pequenos bagres ou baiacus”.
No trecho do rio que corta o município de São Cristóvão, toda a infraestrutura de saneamento é precária, principalmente em termos de rede de esgotos, de disposição de lixo e de coleta das águas pluviais. O bairro Eduardo Gomes, por exemplo, ainda dispõe de rede de esgotos e de sistema de galerias, enquanto no Rosa Elze há somente galerias e, nos outros, nenhuma infraestrutura.
A destinação do lixo também é precária nas comunidades banhadas pelo Poxim: 45% dos resíduos são dispostos em área abertas; 33% são queimados; 8% enterrados e somente 12% são coletados pelos municípios. Foi constatada nesses lugares a presença de lixo nas margens do rio e de plantas aquáticas, principalmente Jacinto Aquático e Junco. O quadro de doenças entre os moradores da área, principalmente daqueles que são pescadores, vai de micoses (40%); verminoses (33,33%); disenteria (20%) à esquistossomose (6,67%).
Com informações do blog EcoAr (Foto extraída das redes sociais)