Por Antônio Samarone *
Mamãe usava a pomada Minâncora como uma panaceia, servia para feridas, eczemas, inflamações, assaduras, pele ressecada, brotoeja, boqueira, sovaqueira, unheiro, perebas, coceiras, frieiras, cravos e espinhas.
Não servia para as frieiras contraídas em que pisasse em “cama de sapo”. Nunca soube as razões. Eu morria de medo de pisar em “cama de sapo” e “espinho de cobra”. Esse último aleijava.
As frieiras contraídas em “cama de sapo”, causavam uma coceira prazerosa, sublime, em especial entre os dedos dos pés. Um pé coçava o outro. Uma frieira Indicada para quem tem insônia. O limite é começar a sangrar, para não sujar os lençóis. O tratamento era feito com cinza de mata rato, aqueles charutos populares.
Acho que os sapos não fazem mais camas, dormem em rede.
A exclusiva fórmula da pomada Minâncora era composta por um agente secativo Óxido de Zinco, um agente antisséptico Cloreto de Benzalcônio, uma substância analgésica Cânfora e um emoliente Óleo Mineral, para preservar as essências.
A pomada Minâncora saiu de moda, junto com a Emulsão de Scott, Biotônico Fontoura, instantina, leite de magnésia, óleo de rícino, pó de sulfanilamida, violeta genciana, elixir paregórico, mercúrio cromo, neocid pó e uvilon.
Era a farmácia básica em minha casa.
* É médico Sanitarista e professor da Universidade Federal de Sergipe.