O Porto de Sergipe é o que se pode chamar de “patinho feio” entre os grandes terminais marítimos brasileiros. Nem as publicações especializadas no setor costumam citá-lo, mesmo quando divulgam a movimentação portuária nacional. Também pudera, enquanto o Porto de Ponta da Madeira (MA) movimentou 28,4 milhões de toneladas no primeiro bimestre deste ano, o de Sergipe passou o ano de 2020 todo para movimentar 755 mil toneladas de cargas. E olhe que já foi bem pior: Em 2018, a movimentação não passou de 580 mil toneladas.
Recentemente, uma reunião entre representantes da Federação do Comércio de Sergipe (Fecomércio) e executivos do Terminal Marítimo Ignácio Barbosa tratou sobre as potencialidades e possibilidades do porto sergipano “como vetor de desenvolvimento do estado”. Além da mídia local, a reunião passou desapercebida pelas publicações especializadas no setor portuário nacional. Para se ter uma ideia de como o terminal sergipano é desconhecido lá fora, a última vez em que ele foi citado pelo site Informativo dos Portos, foi em 10 de julho de 2019, numa matéria intitulada “VLI amplia volume embarcado com a Votorantim Cimentos”. A VLI vem a ser a empresa responsável por oferecer soluções logísticas ao Terminal Ignácio Barbosa.
Há quem diga que o porto de Sergipe foi construído no lugar errado que, por ser raso demais, impede a atracagem de grandes navios. E é verdade: o calado no entorno do terminal é de apenas 8,30 metros, além da altura da maré, nunca passando de 10,20 metros. Já se chegou a defender o afundamento da área, mas um estudo feito pela Petrobras desaconselhou tal procedimento. No entendimento dos técnicos da petrolífera, a reforma do porto de Sergipe é economicamente inviável, pois a sua finalidade não justificava o custo elevadíssimo das obras. Ou seja, apesar do nome pomposo, o nosso Terminal Marítimo Ignácio Barbosa vai continuar sendo apelidado de “atracadouro para canoas à vela”. Misericórdia!
Por Destaquenotícias