Por Gilvan Manoel *
De forma unânime, o setor turístico foi apresentado como grande ati vidade capaz de gerar riqueza e renda de forma rápida para o Estado, de acordo com a Fundação Dom Cabral, responsável pela elaboração do Plano de Desenvolvimento Estadual Sustentável de Sergipe 2020-2030, encomendado pela Assembleia Legislativa, e lançado no início desde mês. Diversos entrevistados pela FDC afirmaram que Sergipe precisa descobrir sua vocação turística, algo que complemente os parceiros de fronteira – Bahia e Alagoas. O turismo histórico, ecoturismo e turismo de negócio foram apresentados como potências que podem ser exploradas.
Segundo a fundação, a matriz energética é algo que está no “DNA” do Estado. “Diversos atores apontaram que a exploração do gás será a principal engrenagem que movimentará a economia nos próximos anos. Essa cadeia tem grande importância, pois tem condições de colocar Sergipe como o principal produtor e exportador de gás do Brasil”, destaca a FDC.
A partir das entrevistas, a Dom Cabral fez uma síntese das principais potencialidades mencionadas:
“Turismo – Turismo Histórico (Museus, Grupos Folclóricos, Religioso); Eco Turismo (Mangue, Rios, Dunas); Projeto Linha Azul (Interliga o litoral sergipano a Alagoas).
Matriz energética – Ser o grande produtor e exportador de gás do Brasil (Baratear o gás e diminuir o custo para empresas); Ser exportador de gás para região nordeste; Exploração de energia eólica; Exploração de energia solar.
Desenvolvimento Industrial – Piso e cerâmica; Produção de camarão; Desenvolvimento de indústria automobilística, com foco em energia solar e elétrica; Desenvolvimento da cadeia do PVC; Exploração da soda cloro; Retomada da FAFEN.
Logística – Duplicação da BR 101; Duplicação da BR 235.
Ambiente de Negócios – PMI (Ceasa Itabaiana, Centro de Convenções, Malha Viária, Adeso, Lançamento de Editais de PPP’s.
Extração de Óleo – Para a Petrobras, o foco de exploração é o campo de terra em Sergipe, capacidade de produção a longo prazo; Sirizinho; Riachuelo; Mato Grosso; Exploração de óleo em águas ultraprofundas para produção de longo prazo no Estado entre 2020 e 2030; Qualidade do petróleo em Sergipe (Área com alta qualidade; Presença significativa de gás nos campos; A expectativa de gás é real e concreta; Possibilidade de exploração da FARFAN).”
Em seu plano de desenvolvimento, a Dom Cabral alerta que com o PIB estadual representando 0,62% do PIB nacional em 2017, e com baixo crescimento da economia, a tarefa de expandir o mercado de Sergipe é desafiadora. “O boom da população em idade ativa que o Brasil viveu em décadas anteriores já é pouco relevante no cenário, com a perspectiva de Sergipe ter um crescimento de 0,85% na População em Idade Ativa (PIA) nos próximos 10 anos, de forma que o Estado terá que se focar na diversificação do mercado para se desenvolver.”
Outros alertas revelados pelo plano:
“Observando as atividades econômicas que puxam os empregos formais de Sergipe, segundo a RAIS, observa-se que a economia sergipana é altamente dependente da administração pública e de comércio e serviços. A produção, representada pelas indústrias de transformação, indústrias extrativas e agropecuárias, representa apenas 14,8% dos empregos formais.
Sergipe investiu R$ 85,5 milhões em 2017 em inovação. Importante mencionar, neste caso, é a redução do investimento de 2017 frente os 3 anos anteriores, todos com investimentos públicos do Estado superiores a R$ 100 milhões. O valor investido em 2017 representa 0,84% da receita total do Estado e está muito longe do investimento aplicado pelo estado líder, São Paulo, de 5,10% da receita total do Estado em ciência e tecnologia em 2017.
Em relação a empreendimentos inovadores, tais como aceleradoras, incubadoras, parques tecnológicos e parques científicos associados à Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), fonte desta informação, Sergipe tinha, em 2019, 0,9 empreendimento inovador para cada 1 milhão de habitantes, o que o coloca na 21ª posição dentre os 26 governos estaduais mais o Distrito Federal.
Verificando essas informações, observa-se um esforço do Estado em investir em ciência e tecnologia e em pesquisa e desenvolvimento, o que tem provocado um crescimento no número de patentes. Esses investimentos e patentes, no entanto, ainda não têm se transformado efetivamente em empreendimentos inovadores, que poderão alavancar a produtividade e diversificar o mercado e o espaço de produtos com valor agregado do Estado.”
Na próxima coluna, novas observações do Plano de Desenvolvimento Estadual Sustentável de Sergipe.
* É editor do Jornal do Dia (Texto publicado Originalmente no Jornal do Dia)