As aves marinhas ganharam uma aliada na sua conservação: o Guia de Albatrozes e Petréis para Pescadores, lançado no fim de julho pelo Projeto Albatroz. Segundo a organização, que desde 1990 atua na educação ambiental sobre essas espécies, o guia ajudará os trabalhadores de barcos pesqueiros, “principais aliados na conservação” das aves marinhas, a informar dados de avistamentos e capturas, que influenciam pesquisas científicas e políticas públicas.
O guia foi desenvolvido em formato de folheto, para ser carregado a bordo dos navios, ou lido em formato PDF.
O manual é composto por 11 páginas que mostram fotos, localização usual e descrições de tamanho e comportamento de 22 espécies que ocorrem em águas nacionais. Além de albatrozes e petréis, foco da iniciativa, estão espécies de fragatas e gaivotões, muitas vezes confundidas com as primeiras. Entre elas estão a grazina-de-trindade e a pardela-de-asa-larga, que se reproduzem em ilhas brasileiras. E espécies ameaçadas de extinção, como o albatroz-de-tristão, ave do grupo de “albatrozes gigantes” que está no nível máximo de risco – o de Criticamente Em Perigo.
“Assim como outras aves marinhas, os albatrozes e petréis são companheiros dos pescadores em suas viagens, ajudando-os a encontrar áreas com grandes cardumes e os encantando com sua beleza extraordinária”, explica Caio Azevedo Marques, biólogo e coordenador científico do Projeto Albatroz. “Nosso guia pode ser uma ferramenta útil na hora de identificar esses animais e reportar eventuais avistamentos e mortes por afogamento aos pesquisadores”, completa.
Acidentes com aves na pesca
A morte de aves marinhas na pesca é um grande risco e motivo de preocupação para ambientalistas. Outro guia lançado pelo projeto, um mês antes do manual de identificação das espécies, foi feito justamente para ajudar os pescadores a evitar esses contratempos – e a salvar as aves, caso eles aconteçam.
O folheto “Como evitar a captura de albatrozes na pesca?” ajuda os pescadores a cumprirem a Instrução Normativa 07/14, dos ministérios da Pesca e do Meio Ambiente, que determina a obrigatoriedade de itens como a linha espanta-aves (também chamada de toriline); a largada noturna de iscas, para evitar que as aves sejam fisgadas; e a adição de pesos que façam as iscas afundarem mais rapidamente, evitando que as aves as alcancem.
Com instruções detalhadas e imagens que auxiliam na adoção dessas medidas pelos barcos pesqueiros e até com instruções para remoção de anzóis de aves eventualmente fisgadas, o guia ajuda a diminuir a mortalidade de aves marinhas em zonas pesqueiras. A morte acidental das aves, que não têm qualquer valor comercial e não são alvos das pescarias, é um dos principais motivos por trás do grande número de espécies ameaçadas. Segundo o projeto, as aves marinhas são o grupo de aves mais ameaçado de extinção no planeta, com mais de 40% de suas 359 espécies conhecidas nas classificações “quase ameaçada” ou ameaçada em qualquer nível.
Fonte: Portal ((eco)) Foto: Dimas Gianuca