A bancada do PT no Senado Federal apresentou hoje um projeto de decreto legislativo propondo o cancelamento da decisão de Jair Bolsonaro de ampliar a quantidade de munição que pode ser comprada por cidadãos comuns.
“O objetivo do projeto é evitar a formação de milícias com munição para iniciar uma desordem armada no Brasil, patrocinada pelo presidente da República, em meio à pandemia”, afirmou o senador Rogério Carvalho, líder do PT no Senado Federal, à coluna de Leonardo Sakamoto.
A autorização foi dada pela portaria interministerial 1.634/2020 assinada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro, no dia 22 de abril, horas depois da ordem dada pelo presidente da República. O fato ocorreu na polêmica reunião de gabinete cujo vídeo se tornou público na última sexta.
“Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadura aqui! Que é fácil impor uma ditadura! Facílimo! Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua”, afirmou Bolsonaro.
Ele se referia à detenção de uma pessoa por desrespeitar a quarentena, em Araraquara (SP).
“Aí, que é a demonstração nossa, eu peço ao Fernando [Azevedo] e ao [Sergio] Moro que, por favor, assine essa portaria hoje que eu quero dar um puta de um recado pra esses bosta! Por que que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não da pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais.”
A declaração do presidente foi criticada duramente por políticos, magistrados, procuradores, pela Ordem dos Advogados do Brasil e pela sociedade civil.
De acordo com o Instituto Sou da Paz, as cotas anuais para armas de calibre permitido passaram de 50 para 600 cartuchos por arma. “Com isso, se somados os calibres de tiro esportivo e caça um único cidadão pode comprar mais de 6 mil munições por ano”, afirmou a organização.
(Com informações da coluna de Leonardo Sakamoto. Foto: PT na Câmara)