São Cristóvão, a primeira capital de Sergipe, foi fundada em 1º de janeiro de 1590 pelo capitão português Cristóvão de Barros. A atual cidade histórica está em sua terceira localização. Isso mesmo, São Cristóvão mudou de lugar duas vezes ao longo da história. A princípio, a povoação foi erguida mais próxima ao litoral, perto da foz do Rio Vaza-Barris.
A quarta cidade mais antiga do Brasil, depois de Salvador, Rio de Janeiro e João Pessoa, galgou a condição de capital em 1820, por meio de um decreto de Dom João VI, que emancipou Sergipe da Bahia, tornando-o Província do Império, tendo São Cristóvão como sua capital.
A condição de capital, contudo, durou pouco, pois os senhores de engenho iniciaram um movimento por mudanças. Seu objetivo era que a nova capital tivesse um porto grande o suficiente para receber embarcações maiores, a fim de facilitar o escoamento da produção açucareira — produto fundamental para a economia da época. Assim, em 17 de março de 1855, o presidente da província Inácio Joaquim Barbosa muda a capital de Sergipe para Aracaju.
Despovoamento
Após perder a condição de capital da província do Sergipe, São Cristóvão passou por um período de crise e despovoamento. A situação iria melhorar no começo do século 20, momento de crescimento das fábricas de tecido e de estabelecimento da via férrea.
Essas transformações tornaram a economia local muito mais dinâmica e modificaram a paisagem urbana da cidade. Ainda que as construções dos séculos passados tenham sido, em boa parte, preservadas, a cidade passou a abrigar novas casas e modernos prédios.
Terra por um gerador
O município seguiu se transformando nos anos 1950, quando São Cristóvão perdeu sua área litorânea para Aracaju — o prefeito Lourival Baptista cedeu o terreno em troca de um gerador elétrico para a cidade, o que causou muita polêmica.
Nos anos seguintes, São Cristóvão passou por importantes acontecimentos, fundamentais para sua expansão urbana. Em 1980, o novo campus da Universidade Federal de Sergipe foi construído às margens do Rio Poxim, atraindo profissionais e estudantes do estado e de todo o país. Mais recentemente, por sinal, os arredores da universidade têm se tornado um grande centro habitacional, o que vem transformando a cidade histórica.
Na mesma época, a partir do crescimento do Rosa Elze e da inauguração do Conjunto Eduardo Gomes, ocorreu o processo de conurbação entre São Cristóvão e Aracaju. Dessa forma, surgiram novos conjuntos residenciais e loteamentos na região, como o Jardim Universitário, o Luiz Alves e o Rosa Maria. Atualmente, essa é a área mais urbanizada e populosa de São Cristóvão, estando a apenas 10 km do centro de Aracaju.
Patrimônio histórico
Nos dias de hoje, a paisagem urbana de São Cristóvão se espalha pelas margens do Rio Paramopama, integrando a topografia acidentada do morro da Cidade Alta com a Cidade Baixa. Diante de tantas reviravoltas e dificuldades ao longo do tempo, o município foi capaz de preservar sua riquíssima história, se tornando um importante patrimônio histórico-cultural do Sergipe e do Brasil.
Em 1938, São Cristóvão foi elevada à categoria de Cidade Histórica. Já em 1967, seu conjunto arquitetônico foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em 2010, mais um reconhecimento, de nível nacional: a praça São Francisco (a principal da cidade) foi eleita pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) um Patrimônio Cultural da Humanidade.
Com tanta história boa para contar, a antiga capital São Cristóvão é um importante polo turístico do Nordeste. Tanto é que o turismo se tornou uma de suas principais atividades econômicas, e a cidade recebe vários visitantes interessados em conhecer suas ruas, ladeiras e construções que datam de séculos passados.
Por Silmara Coutinho, escrito originalmente para o blog Laredo