A Usina São José do Pinheiro, em Laranjeiras, vai aumentar consideravelmente a produção de energia térmico-elétrica a partir da queima do bagaço de cana. Segundo o empresário sucroalcooleiro Osvaldo Franco, já na próxima safra (2015/2016) a usina deve produzir 15 Megawatt-hora (MWh) de energia, dos quais 10 MWh – quantidade suficiente para atender 50 mil residências -, serão vendidos à Energisa e 5 MWh usados na produção de açúcar e álcool. Para alcançar a auto-suficiência em energia e ampliar o volume excedente, a São José do Pinheiro investe pesado desde 2008. Através de financiamento obtido junto ao Banco do Nordeste, este investimento deve alcançar a cifra de R$ 50 milhões até o final do ano.
E por que o empresário Osvaldo Franco resolveu investir na produção de energia? Ele elenca os três principais motivos: “O preço da energia está bom, trata-se de uma receita adicional, além de o custo operacional ser baixo, pois o volume de bagaço de cana é muito grande durante a colheita”. Uma tonelada de cana gera cerca de 320 quilos de bagaço, do quais 90% são usados na produção de energia. A importância da co-geração de energia utilizando este subproduto da cana reside no fato de que ela coincide com o período de seca dos reservatórios das usinas hidrelétricas e, dessa forma, possui importante caráter complementar.
A São José do Pinheiro produziu, entre outubro de 2014 e março deste ano, nove Megawatt-hora de energia, tendo consumido 5 MWh e comercializado o restante. As 1 milhão e 32 mil toneladas de cana de açúcar moídas pela usina na última safra, resultaram em 1 milhão e 820 mil sacos de açúcar, 24,5 milhões de litros de álcool e 34,5 mil MW de energia, sendo que os cerca de 14,1 mil MW excedentes foram vendidos ao BTG Pactual. Osvaldo Franco explica que para aumentar ainda mais a produção de energia, foram feitos, entre outros, investimentos na linha de transmissão com cinco quilômetros para ligar a nova subestação da usina à de Riachuelo, na compra de turbogeradores e caldeiras novas, e tratamento de água destas caldeiras.
Mecanização
Apesar de lamentar que os preços do açúcar e do álcool continuem ruins, levando as usinas a atravessarem uma fase difícil, Osvaldo Franco segue apostando no setor sucroalcooleiro. O novo grande investimento idealizado por ele será a mecanização da colheita. “Em futuro próximo, a usina que não tiver mecanizado o corte da cana e investido na co-geração de energia, não sobreviverá”, alerta o empresário. A expectativa dele é mecanizar, nos próximos três anos, 50% do corte da cana plantada nos 12 mil hectares da São José do Pinheiro. Para se ter uma idéia do que isso significa, na safra passada a usina ocupou cerca de mil trabalhadores na colheita. Durante o processo de moagem aquele empreendimento gera 3 mil empregos diretos, mantendo cerca de mil empregados durante a entressafra.
Os constantes investimentos e a realização de melhorias contínuas em seus sistemas produtivos, renderam à São José do Pinheiro a certificação pela norma ISO 9001 na fabricação do açucar. Para conquistar este reconhecimento, a usina implementou um Sistema da Qualidade visando obter uma padronização de seus procedimentos. Os requisitos da ISO 9001 são bastante exigentes. Osvaldo Franco reconhece que a busca pela certificação foi árdua, mas o saldo é extremamente positivo, tanto sob a perspectiva da empresa, que passa a contar com um serviço reconhecido de maior qualidade, quanto pessoal, pois os envolvidos cresceram profissionalmente e passaram a ter um novo olhar para o próprio trabalho e o da equipe.
Por Adiberto de Souza